Um casal na estrada

20 de Agosto de 2025

Compartilhe -

Um casal na estrada
Adilson Antonio Ribeiro, de 40 anos, é caminhoneiro há 16 anos e ama sua profissão. Nasceu no estado do Paraná, foi para a Bahia onde morou por 16 anos, depois se mudou para a capital de São Paulo e há oito anos mora em Fernandópolis.

Sua esposa Izaura Cardoso Ribeiro, de 34 anos, também é caminhoneira há quatro anos e com Adilson teve dois filhos. Ela conta que decidiu abandonar a profissão de costureira e encarar as estradas da região quando Adilson abriu uma franquia da Transportadora Rio Pretão em Fernandópolis. “Eu dirijo, descarrego, vedo, resolvo problemas internos da empresa. Para mim é um desafio e vou sempre adiante, pois quero ver logo o fim”, conta Izaura.

Essa determinação de Izaura não é muito diferente da de Adilson. De uma família de sete irmãos, sendo deles duas mulheres, os cinco irmãos já passaram pela profissão de caminhoneiro quando começaram a trabalhar. Apenas Adilson e um dos irmãos que trabalha em São Paulo se apaixonaram pela profissão e continuaram, enquanto os outros seguiram para o ramo imobiliário, da informática e da agropecuária.

Adilson conta que quando trabalhava em outras empresas sofria muito com a carga horária estipulada pelo empregador. “A empresa precisa ser mais consciente e valorizar a vida do profissional. Ela faz com que o motorista cumpra uma carga horária que não lhe permite parar e quando o caminhoneiro consegue essa pausa, é preciso dividir uma hora para tomar o café da manhã e jantar, enquanto o tempo de descanso não existe”, explica Adilson.

O caminhoneiro diz que é por conta disso que muitos colegas de profissão acabam tomando os famosos “arrebites” – estimulantes - para permaneceram acordados por mais tempo. “Tenho alguns amigos que se viciaram em arrebites e alguns outros morreram por conta deles. E o mais triste é ver que as empresas fazem seguros da carga e do caminhão. Para o motorista, nada”, lamenta.
“Quem trabalha com transporte tem que ser muito persistente, porque o trabalho é difícil e a lucratividade é mínima”, acrescenta Izaura.

Com a franquia da empresa, foi possível para o casal cuidar de seus filhos de forma mais presente. “As cargas vêm de São Paulo e nós as distribuímos para Jales, Auriflama e Santa Fé do Sul, portanto voltamos para casa todos os dias, não passamos dias longe. Assim podemos ter mais contato com a educação de nossos filhos”, conta Izaura.