Segundo o Capitão Cleber Cochito, do Corpo de Bombeiros, para dirigir os veículos de serviço da corporação é preciso ter a habilitação. Porém, para conduzir os veículos de emergência, isto é, veículo operacional, viatura de resgate, caminhão com água e viatura de salvamento, o bombeiro deve ter no mínimo a habilitação categoria C.
Se o profissional tiver apenas a categoria B, ele poderá dirigir somente os veículos leves de serviço administrativo.
E não é só a habilitação; obrigatoriamente, o bombeiro deve possuir o curso de Condução e Direção de Viaturas em Situação de Emergência, que é um curso voltado para o treinamento de pessoas que trabalham em situações emergenciais, onde ele obterá conhecimento das técnicas preventivas para evitar a colisão. O bombeiro na situação de atendimento emergencial tem preferência no transito, porém, não tem livre condução do veículo. Não pode ultrapassar sinal vermelho, sinal de pare, andar na velocidade estipulada para cada via - ele tem que respeitar as leis de transito, explica o capitão.
Quando a sirene e as luzes estão ligadas, servem de sinal para que os outros motoristas dêem passagem. Somente quando isso acontece é que o veículo dos bombeiros pode passar. O profissional não deve, em qualquer hipótese, dirigir de forma arbitrária. Ele tem a preferência em razão de estar em situação emergencial, socorrendo vidas. Todos esses cuidados são necessários para não colocar em risco a vida do motorista, da guarnição e de terceiros e até das vítimas que estão sendo socorridas, ressalta Cochito.
O capitão explica que, se o bombeiro gerar um acidente, será responsabilizado administrativamente e também o comandante que fez a escala, além de sofrer responsabilização civil e criminal.
Dia-a-dia
Para os profissionais da área, a responsabilidade não se limita apenas ao curso que dura cerca de 15 dias, com registro do Detran. Cortar a cidade para atender a uma ocorrência e ter a cautela por eles e pelos outros condutores na via é uma grande responsabilidade.
Segundo o sargento Geneci Luis de Barros, há 15 anos trabalhando na área, normalmente os condutores de Fernandópolis dão espaço, na medida do possível, para a passagem da viatura em casos de emergência. O que muitas vezes atrapalha é o espaço físico da cidade. As ruas são estreitas e é difícil para o condutor dar a preferência para as viaturas, explica o soldado Carlos Roberto Faria, há 20 anos no Corpo de Bombeiros.
Ao longo dos anos de experiência no Corpo de Bombeiros, Barros, Faria, o soldado Márcio Donizeti Cervantes e o cabo Gilson Acácio dos Santos atenderam inúmeras ocorrências de acidentes de transito. Entre elas, se depararam com muitas fatalidades. Ao tentarem calcular aproximadamente o número de óbitos que encontraram durante suas carreiras, os números de cada um variam de 25 a 50, sem somar as vítimas que acabaram morrendo nos hospitais.
Barros explica que a maioria dos acidentes são provocados por imprudência dos condutores. A maioria é por falha humana, imprudência dos próprios motoristas, ressalta o sargento. E Acácio reforça: O acidente só acontece quando a prevenção falha. É esse o lema que nós, do Corpo de Bombeiros, seguimos diariamente.
Os profissionais contam que já se acostumaram com o trabalho e que quando chegam ao local do acidente, eles se concentram inteiramente nos procedimentos necessários e nem prestam atenção em quem estava certo ou errado na hora do acidente ou até mesmo quais são os carros envolvidos. Concentramo-nos apenas nas vítimas e nos procedimentos necessários em cada caso, explica Faria.
Mesmo acostumados com a rotina de trabalho, Cervantes fala de como é difícil socorrer crianças e ver o desespero das mães ao saberem que seus filhos sofreram um acidente de trânsito. A mãe vê o filho sair bom de casa e depois recebe a notícia de que está morto ou muito ferido devido um acidente no trânsito. Isso nos leva a pensar que devemos mesmo respeitar ao próximo como a nós mesmos, sugere Cervantes.
Dicas
Do alto da experiência adquirida na profissão, eles dão dicas para os motoristas para que preservem vidas:
- Os ciclistas devem respeitar as leis de trânsito tanto quanto os condutores de automotores. Isso pode evitar muitos acidentes.
- Motociclista deve lembrar que ao se envolver em um acidente, ele é o mais prejudicado. Portanto, deve tomar mais cuidados ao transitar pelas vias.
- Todos devem dirigir com mais cuidado, respeitando todos os sinais de trânsito. E até mesmo se o pare não é seu, deve-se reduzir a velocidade, pois o outro pode não respeitar.
- Olhar adiante, isto é, observar todo o redor, possibilitando prever possíveis acidentes.
- A atenção deve ser redobrada em dias chuvosos e jamais colar na traseira de outro veículo.
- Verificar o carro antes de sair. Se o freio está funcionando, as setas e a luz de freio estão acendendo. Fazer sempre a manutenção do carro.
- Não dirigir nervoso. Procurar se acalmar antes de dirigir.
- Excesso de confiança ou muito medo pode ser perigoso.