Rodrigo Arcanjo Azevedo, 26 anos, professor do Centro de Formação de Condutores de Fernandópolis, ministra aulas de legislação, direção defensiva e primeiros socorros.
Ele defende a educação no trânsito desde a escola. Eu acho que falta um pouco de acompanhamento desde a escola. Temos prova de que isso dá certo no sul do país. Lá, fazem parte da grade escolar deles a educação no transito e os resultados são visíveis nas ruas. Para a criança acho que não surtiria muito efeito, mas para a moçada do primeiro, segundo e terceiro colegial, sim. Porque são eles que daqui a algum tempo vão tirar carta. Só o curso de 6 dias não vai resolver, é algo que deve ser inserido na cultura das pessoas, explica Rodrigo.
O professor acrescenta: Aqui, um dos problemas é que não pegamos alunos de nível de escolaridade iguais. Pessoas que só tem a 4ª série, aluno que não sabe ler e escrever. Acho que deveria ter uma fiscalização maior para que o aluno tire a carta. O básico é saber ler e escrever, mas isso já está na legislação, o problema é que encontramos alunos que concluíram o colegial, mas que não sabem ler e nem escrever. O problema está no sistema educacional. Aqui, tivemos que aprender a falar a língua da rapaziada para conseguir ensinar.
Direção defensiva é o modo de dirigir a evitar acidentes. A maioria que chega aqui acha que dirigir bem é quem empina, quem dá cavalo de pau, fica se mostrando na avenida. O que eu acho ridículo, ressalta Rodrigo.
Segundo Rodrigo, a dica básica para quem está no transito se limita a respeito. Não é ter medo do transito. É como aquele ditado: Ter medo e não ter vergonha na cara não adianta, você tem que ter respeito. A partir do momento que você respeitar o transito, vai evitar um monte de dor de cabeça, ressalta.
Rodrigo explica que esse respeito é com a sinalização o princípio básico para evitar acidentes. Além de não respeitar as sinalizações, as pessoas acham que andar a 40km/h em uma artéria como a Expedicionários, está andando devagar, mas não está. Em Fernandópolis o limite máximo é 40km/h, portanto já está rápido, adverte.
Rodrigo ainda fala sobre os benefícios da Lei Seca e os resultados em Fernandópolis. As pessoas das grandes capitais costumam respeitar mais as leis do que as pessoas do interior, aqui o pessoal demora um pouco mais para pegar. Se você fala hoje para a molecada que vai precisar revezar, hoje alguém não pode beber, amanhã o outro, eles respondem que é uma questão de cultura. Então mude essa cultura. Eu também tive o hábito de beber e dirigir; a partir do momento que se proibiu, não dirijo se bebo, ou vice-versa.
E ainda acrescenta: Os jornais falam muito das brechas que as leis deixam, onde um sensacionalista aparece falando que ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo e o povo fica acatando. Mas um exemplo básico de que a lei veio e não deixou brechas: Um policial te pára e pede para fazer o teste do bafômetro e você responde que não é obrigado a fazê-lo, ou então fala que você precisa acompanhá-lo até o hospital para fazer um exame de sangue e você responde o mesmo. Então o policial te leva até a delegacia, solicita um médico que fará um exame clínico e ele tem o poder de atestar se você está alcoolizado ou não. Mas e ai? Quem tem que provar que é inocente? Não é o policial e nem o médico. Quer provar que o médico está errado? Coleta o sangue para análise, faça o teste do bafômetro. Eu acredito que a lei não deixou espaço para escapatória, diz Rodrigo.
O orientador ainda fala sobre o show da Ivete Sangalo que acontecerá na cidade no próximo mês e dá algumas dicas, como reunir os amigos e dividir o valor cobrado pelo táxi ou então decidir quem ficará no volante naquela noite e não beberá. Indo de táxi, você vai evitar que seu carro seja roubado, riscado e também de ser multado e não deixará de tomar sua cervejinha durante o show da Ivete. Eu acho que não tem desculpa, falta mesmo o pessoal se adequar.
Além das dicas e de defender a nova lei, Rodrigo considera importante ter maior fiscalização nas noites de Fernandópolis. O policiamento da cidade é bom, mas eles não podem ficar o tempo todo na avenida. Acredito que se criar um órgão fiscalizador, com poder de multa, que fique todo o período nas ruas e fiscalizando, fazendo acontecer as leis, a Expedicionários, por exemplo, ficaria mais segura e um lugar mais saudável. E lembrar sempre que não é apenas os jovens que cometem infrações. Quem sai nas ruas por volta das 19h ou 20h vê muitos homens de 40, 50, 60 anos que saem dos bares dirigindo embriagados. Considero um absurdo a mídia falar tantos dos jovens que se envolvem em acidentes de trânsito, sendo que boa parte desses acidentes são provocados por pessoas mais velhas.