No Dia Nacional do Futebol, a palavra é dos fanáticos

20 de Agosto de 2025

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No Dia Nacional do Futebol, a palavra é dos fanáticos
É provável que pouca gente saiba disso, mas o dia 19 de julho é consagrado no Brasil como o “Dia Nacional do Futebol”. O esporte mais popular do mundo tem no país sua mais completa tradução – ninguém no planeta produziu monstros sagrados como Pelé e Garrincha.

Mas a verdadeira razão do futebol nem são os artistas da bola, e sim os torcedores – esses fanáticos que cometem os maiores desatinos para acompanhar seu time do coração.

Para comemorar a data, VIVA! ouviu alguns desses apaixonados. Veja o resultado.

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Palmeiras

O psicólogo José Paulo Coelho foi o primeiro cônsul do Palmeiras em Fernandópolis. Isso aconteceu em 1998. A indicação foi feita pelo prefeito da época, Armando Farinazzo, que conhecia sua paixão pelo time.

Coelho explica que a função de cônsul não se restringe apenas a ser um bom torcedor. O cargo requer o desenvolvimento de alguns trabalhos, como a busca de novos sócios, a divulgação das atividades do clube e o estreitamento das relações do sócio do interior com o clube na capital.
A Sociedade Esportiva Palmeiras desenvolve várias atividades de benemerência que mantém hospitais e ONGs. Segundo Coelho, o clube não gosta de divulgar esses trabalhos.
A Sociedade realiza reuniões periódicas com os cônsules de todo país, tendo uma predominância dos estados de São Paulo e Paraná, para discutir novas idéias voltadas para a realização de melhorias no clube.

Na época, o psicólogo recrutou quase 150 sócios que podem usufruir o clube na capital cerca de 30 vezes ao ano. No clube há piscinas, boates, botequim, berçários, saunas, quadras e restaurantes. E ainda mantém várias atividades esportivas além do futebol, como basquete, aeróbica, aikidô, arco e flecha, bocha, boliche, futebol de mesa, ginástica, levantamento de peso, judô, tênis e tênis de mesa.

“O cônsul serve para ressaltar os inúmeros trabalhos do Palmeiras, mostrar que é muito mais do que torcidas organizadas e guerras de torcida que existem”, diz Coelho.
Coelho é de Santo André, de fortes raízes italianas, portanto, palmeirense de berço. Tem muitos amigos em São Paulo, entre eles, Jamil, dono de uma loja especializada apenas em artigos do Palmeiras. “Se o clube lança uma camisa nova, dentro de três dias recebo a minha e mais algumas, enquanto as lojas de artigos esportivos de Fernandópolis só recebem depois de um mês”, conta com bom humor. A última camisa oficial lançada pelo time no último dia 7 (aquela verde escura), já estava nas mãos de Coelho no dia 9.

Em 2001, Coelho achou melhor passar o cargo de cônsul para outra pessoa e o indicado, que permanece no cargo até hoje, foi Jair Dias Soares Junior, mais conhecido como Jajá. Aliás, ele foi presenteado no último sábado, dia 12, com uma nova camisa oficial pelo próprio Coelho.
Jajá conta com muito carinho a forma como foi se apegando ao palmeiras. Seu pai, o barbeiro Jair, como é popularmente conhecido, tinha seu salão na rua Brasil, próximo à agência Caiçara, cujo dono era ‘seu’ Osmundo Dias de Oliveira. Jajá ajudava seu pai engraxando sapatos.
‘Seu’ Jair é corintiano, mas não daqueles torcedores fanáticos, nem se importava com os inúmeros presentes que ‘seu’ Osmundo dava a Jajá como calção, meias, chaveiros, camisas e bolas – todos do Palmeiras.

Quando Jajá completou 13 anos, ‘seu’ Osmundo o levou a São José do Rio Preto para assistir a um jogo do Palmeiras contra o América, pelo campeonato paulista de 1975. “Quando o time entrou em campo foi maravilhoso. Aquele jogo me encheu os olhos, era na época em que chamavam o time de academia, isso queria dizer que era um timaço. E ainda o Palmeiras ganhou de 2 a 1”, conta Jajá que a partir desse jogo firmou sua paixão pelo time.
Atualmente, Jajá é casado com a corintiana Veraci e tem dois filhos palmeirenses: Samuel e Jessica.
Jajá conta com relutância e divertimento sobre um mimo que fez à esposa. Há alguns anos comprou duas toalhas de banho: uma com o emblema do Corinthians e outra do Palmeiras e mandou colocar em uma moldura. Fixou-os acima da cama do casal, demarcando os lados da cama em que dormem.
O torcedor tem mais de 100 camisas entre oficiais e comemorativas, mas não se considera fanático – classifica-se como um “torcedor ferrenho”. “A prova de que sou um torcedor ferrenho é que quando o time caiu para a segunda divisão em 2002 eu fiz questão de comprar o pacote de assinatura para assistir a todos os jogos do palmeiras na série B”, explica.
Como atual cônsul, ele diz que está aberto para quem quiser ser sócio do clube e também para ajudar em eventos e atividades que precisem de seus serviços.

Corinthians
O corintiano da vez só poderia ser o empresário Márcio Macedo. Nascido em Minas Gerais, poderia até ser torcedor do Atlético Mineiro, mas a paixão pelo Corinthians nasceu quando veio morar em Fernandópolis aos sete anos de idade.

Macedo é tão apaixonado pelo time que prefere assistir aos jogos sozinho, em sua casa. “Eu fico muito nervoso, começo a suar frio. Se o Corinthians perde, meu humor acaba, nem consigo dormir”, conta sua angústia.

O torcedor tem uma ligação forte com o time, e conta que quando sonha que o Corinthians ganha, no próximo jogo perderá. Portanto já sabe que sofrerá durante o jogo. Macedo conta que se o time está mal, sua vida também está. Ele deu o exemplo do ano passado quando o Corinthians caiu para a segunda divisão junto com sua situação financeira e foi muito difícil se recuperar. “Neste ano que o Corinthians está melhor, minhas economias também melhoraram”, diz.

Essas são apenas algumas das inúmeras manias corintianas de Macedo. Ele conta que só se casou com sua esposa Carla porque ela também é corintiana. “Mesmo na minha época de solteiro eu só namorava moças corintianas; se torcesse por outro time eu já sabia que não ia dar certo”, conta. E ainda acrescenta: “Envolve demais. Futebol é a minha paixão, do jeito que sou esquentado, imagina com uma palmeirense do meu lado?”, brinca Macedo.

O empresário já fez muitas loucuras para assistir aos jogos de seu time. Entre elas, viajou dois dias e duas noites até o sul do país em 95 para assistir a um jogo do Timão.

Outra delas não teve um final muito feliz. Em 99 foi assistir no Shopping Center Fernandópolis ao primeiro jogo do Corinthians no Campeonato Brasileiro. “Na época eu fumava, durante o jogo eu acabei com um maço de cigarros e bebi alguns chopes. Eu pulava em cima das mesas e gritava, as pessoas já queriam me colocar para fora”, conta.

Depois do jogo, passando pela Avenida Expedicionários Brasileiros, atravessou um sinal vermelho em frente à Caixa Econômica Federal e bateu em outro carro. Teve fratura exposta na perna e passou por cirurgias. “Fiquei seis meses de recuperação e ainda tive de assistir à final do campeonato no hospital. As enfermeiras me mandavam ficar quieto, mas eu não conseguia, o Corinthians estava jogando”, explica.

Na casa de Macedo não entra nada verde. “A única coisa verde que entra na minha casa é planta, mais nada”. E o padre Edvagner Tomaz, responsável pela comunidade do bairro onde Macedo mora, procura orientá-lo quanto ao seu fanatismo: “O padre sempre me fala para procurar esquecer o Corinthians pelo menos durante as reuniões do Movimento Familiar Cristão, mas não dá. É uma paixão que não tem explicação. Se o Corinthians acabar, eu esqueço o futebol”.


Santos
Quando se fala em Santos é impossível não lembrar de Milton Luiz da Silva, o conhecido Reizinho. O empresário nasceu em um sítio em Cardoso e o gosto pelo Santos vem de berço, pois em dia de jogo seu pai colocava o rádio em cima da mesa e todos ouviam a transmissão pelo rádio. “Não me esqueço quando o Santos ganhou de 11 a 0 do Botafogo em 64”, conta Reizinho.

Ainda menino, o santista teve a satisfação de assistir a três jogos contra o América de Rio Preto, com Pelé e tudo o mais. Hoje, ele prefere assistir sozinho aos jogos do Peixe – pelo menos os que são decisivos. “Gosto de prestar atenção no jogo, e quando se está ‘churrasqueando’ com os amigos não dá para se concentrar”, explica.

Reizinho adora curtir uma final de campeonato ou de Copa do Mundo, mas confessa que já foi mais fanático. “Eu acho que o futebol está envolvendo muito dinheiro, têm muitos mercenários nessa conversa. A gente gosta do time e não do jogador. E outra, depois que a seleção andou perdendo para Venezuela, acabei me distanciando um pouco do futebol... Acredito que o futebol já foi melhor do que hoje”, lamenta.

Em 2002, quando o jogador Maurinho conquistou o Campeonato Brasileiro pelos Santos, Reizinho promoveu uma passeata em Fernandópolis em comemoração. “Na época o Corpo de Bombeiros só liberaria o caminhão se houvesse uma caminhonete atrás, porque se surgisse alguma ocorrência, o Maurinho passaria para a caminhonete e o caminhão cuidaria de coisas de maior necessidade. Mas deu tudo certo, parecia até que era eu quem tinha sido campeão. O Mané da Ótica fala até hoje que parecia que o campeão era eu e não o Maurinho, que ficava tímido em cima do caminhão”, conta feliz.

Essa festa toda tinha uma boa explicação. Desde 83 o Santos não ganhava nenhum título e a vitória trazida pelo fernandopolense Maurinho, foi emocionante para Reizinho. “Um fernandopolense, nascido aqui, não poderia ter deixado passar em branco. Depois disso nenhum outro jogador de Fernandópolis foi jogar em time algum. Fizemos a passeata na hora certa, no tempo certo. O pai dele é um grande amigo e tenho uma grande satisfação de dizer isso”, explica.


São Paulo
O sãopaulino da vez é Gilmar Fúria Gavioli. Se dependesse de sua família, o Palmeiras seria seu time do coração, até seu nome foi em homenagem ao goleiro palmeirense da época. Mas seu fascínio pelo São Paulo começou pelas cores. “Eu ainda era muito criança e tinha que escolher meu time. Quando vi as cores do São Paulo, tive certeza de que esse seria o meu time”, conta.

Gilmar, acima de sãopaulino, é amante do futebol. Tanto que hoje promove a 2ª COPASASP em seu sítio. O nome é uma abreviação de Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo.

O evento conta com a participação de 100 pessoas que compraram seus ingressos a R$ 30 cada – uma camisa personalizada de seu time. Gavioli explica que o ingresso é individual e intransferível e cada convidado não pode levar mais ninguém - aliás, mulheres não entram.

Os jogos serão em um mini-campo que Gilmar chama de Futebol Elite, pois serão oito equipes de cinco jogadores divididas em duas categorias: sênior (acima de 50 anos) e master (acima de 40).

Além dos jogos, o evento conta com quatro barracas, sendo uma de cada time que compõe no nome do evento. Cada uma delas tem um torcedor responsável pelo material que ficará exposto: todos os artigos do time e curiosidades. A barraca do Corinthians ficou a cargo do médico José Martins. A do Palmeiras ficou sob a responsabilidade do psicólogo José Paulo Coelho. A do Santos tem como responsável o corretor de seguros Reizinho. E, representando o São Paulo, o gerente do banco HSBC, Henrique. A melhor barraca nos quesitos: criatividade, originalidade, novidades, número de artigos entre outros, será julgada por uma equipe e premiada pela organização do evento.

O evento começa logo pela manhã com um café da manhã e em seguida os jogos. Depois do almoço servido, será a cerimônia de entrega dos prêmios, sorteio da Loteria do Liminha, show com Érik e Ricardo e em seguida muito churrasco e chope até o final do dia.