Quatro anos atrás, Wilson Pereira da Silva era um comerciante do ramo de autopeças preocupado com o futuro do negócio. A maioria dos clientes, segundo ele, era composta de prefeituras municipais, e nem sempre as contas eram pagas em dia. Wilson resolveu investir em outra área, com que tinha tido contato no setor de autopeças: a fabricação de escapamentos para máquinas pesadas. Ele procurou então o Posto Sebrae-SP de Atendimento ao Empreendedor em Fernandópolis, e se inscreveu para participar da recém-inaugurada Incubadora de Empresas. Juntou todo o dinheiro que conseguiu, fundou a Brascom Brasil Metalúrgica e foi se instalar em uma área de 150 metros quadrados.
Wilson comprou apenas os equipamentos estritamente necessários. A maioria das máquinas foi feita por ele mesmo. Os clientes da antiga loja continuaram a procurá-lo, agora com modelos de peças difíceis de repor. Ele desmontou os diversos modelos de escapamentos e passou a fabricá-los. Começou com cerca de 30 modelos. Hoje, tem cerca de 800 deles à disposição dos clientes.
Dois anos depois de fundada, a Brascom passou a produzir também assentos para máquinas pesadas: atualmente, fabrica 80 modelos diferentes. Não foi só o mostruário que cresceu: os 150 metros originais foram sendo ampliados dentro da Incubadora. A empresa agora ocupa 600 metros quadrados, e está pronta para enfrentar o mercado já em sede própria. Nesta segunda quinzena de julho o empresário vai levá-la para um galpão de 1.300 metros quadrados, no Parque Industrial de Fernandópolis.
"A ajuda do Sebrae-SP foi essencial para o crescimento", diz Wilson. "Sem a consultoria, os cursos e a orientação especializada, dificilmente as coisas teriam dado certo tão rapidamente." Um dos filhos dele, Tiago, deixou de lado o diploma de farmacêutico para ajudar o pai, junto com o irmão, Caio, estudante de Administração. O número de funcionários saltou de três para 30.
A produção, que no início ficava em 300 peças mensais, já passa das 4 mil, e deve chegar a 7 mil no próximo ano só que na nova sede.
Com base no que aprendeu na Incubadora, Wilson cuida com carinho especial de dois setores da Brascom. Um é o departamento de pessoal: "Nós conscientizamos os funcionários sobre a importância da dedicação deles.
Acompanhamos cada etapa da produção, e é possível saber exatamente onde surgiu a falha que deixou alguma peça defeituosa. Conversamos, vemos o que ocorreu e é muito raro que aquela falha volte a acontecer", explica o empresário.
"Além disso, criamos uma série de benefícios, mas que exige em troca o comprometimento do funcionário. Ele só tem acesso à totalidade deles se cumpre uma lista de obrigações bem definida. Se quer exigir, tem que cumprir com sua parte."
O outro ponto chave da Brascom é o atendimento ao cliente. As peças são despachadas por transportadoras, com prazo máximo de entrega, cumprido à risca. Qualquer reclamação é resolvida na hora, sem questionamentos.
Normalmente, segundo o empresário, são peças que não vale a pena os distribuidores manterem em estoque, então a encomenda não pode demorar muito. "Outro dia descobrimos, na hora de despachar, que havia algumas peças defeituosas em um lote. Mandamos assim mesmo, mas já ligamos para o cliente avisando do problema e que no dia seguinte a gente despacharia outras no lugar", conta Wilson. "Dias depois recebemos as defeituosas de volta, o cliente não tinha nem desembalado. Neste caso, todas as despesas de troca
são por nossa conta.
Wilson calcula que a Brascom hoje domina cerca de 10% do mercado paulista, o maior consumidor brasileiro de escapamentos e assentos. A próxima etapa é avançar no mercado de outros estados, inclusive no Nordeste. Claro que a situação econômica do país preocupa, mas "você não deve ficar culpando o governo", diz o empresário, "você é que deve se ajudar."
MODELO DE SUCESSO
"Foi muito interessante a chegada do Wilson na Incubadora", diz o gerente da incubadora, José Roberto. "Entre os cinco que começaram aqui em agosto de 2004, ele era o único a dar o valor necessário à gestão financeira. Nunca fabricou ele mesmo um escapamento, ficou sempre na área de gestão. Tudo o que nós ensinávamos ao Wilson ele implantava", conclui José Roberto.
Hoje a Incubadora, mantida em parceria com a Associação Comercial e Industrial de Fernandópolis, trabalha com outras nove empresas, nas áreas de confecções, madeira, artefato de cimento e alimentos. Uma outra, de calçados, já foi graduada.
Normalmente as empresas ficam dois anos na incubadora, mas no caso da Brascom e de outras que começaram com ela o prazo foi estendido por mais um ano. É que elas foram integradas à GEOR Gestão Estratégica Orientada para Resultados, e estão sendo acompanhadas pelo Sebrae nacional. Juntas, as dez empresas geram 77 empregos. E os empresários recebem cerca de 750 horas anuais de consultoria. José Roberto diz que já tem mais duas empresas selecionadas, que serão assistidas em suas próprias sedes.
A graduação da Brascom comprova o sucesso da incubadora. Comprova também, segundo o gerente, que não basta ser empreendedor. Tem que saber "ser", de fato. "O comportamento do Wilson é exemplar. Participar de feiras, por exemplo, ele sabe que não é perda de tempo", diz José Roberto. "Na última a
que ele foi, por exemplo, conseguiu um representante comercial para a Brascom no Rio de Janeiro. O que diferencia um empreendedor são suas ações, e não suas atividades", conclui o gerente da Incubadora em Fernandópolis.
Mais informações: Incubadora de Fernandópolis - (17) 3462-7129 Andreoli/Manning, Selvage & Lee a serviço do Sebrae SP Paulo Rezende - Assessor de Comunicação Tel: (55 17) 3121-7035 / 8119-1601 / 9129-8064 E-mail:
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