O deputado federal Vadão Gomes (PP), que é empresário do ramo frigorífico, confirmou na manhã desta terça-feira, 1º, que as negociações para a aquisição do Frigorífico Mozaquatro de Fernandópolis pelo seu grupo, o Frigoestrela, estão muito bem encaminhadas.
As declarações de Vadão foram feitas na Câmara Municipal, onde acontecia uma reunião entre os 560 funcionários demitidos do IFC (arrendatário das instalações do Mozaquatro), vereadores, representantes sindicais e o veterinário Paulo dos Santos Segundo.
O advogado José Alberto dos Santos, do sindicato que representa os funcionários do frigorífico, revelou que o juiz se manifestou contrariamente ao arrendamento para o Grupo Torlim. Num arrendamento para o frigorífico do Vadão, as regras serão as mesmas, ou seja, haverá uma transferência de empregos, e não um acerto com cada demitido. O que postulamos é a manutenção do emprego de cada um, para que ninguém seja prejudicado.
PRODUTORES
Marcos Antonio Mazeti, presidente do sindicato rural de Fernandópolis, esclareceu que seu sindicato está solidário com os trabalhadores e convidou para a manifestação que acontecerá às 10h da próxima quinta-feira, 3, em frente ao frigorífico, quando os produtores comemorarão um ano sem receber seus créditos.
Com a nova lei de concordata, o pecuarista é o último a receber seus créditos. Isso não é justo, analisou Mazeti.
VADÃO
Por volta das 11h, Vadão Gomes chegou à Câmara. Antes de entrar no plenário, o deputado declarou à imprensa que exige primeiramente um acerto com todos os funcionários. Ele garantiu que, uma vez feito isso, sua empresa absorverá toda a mão-de-obra que foi demitida: Queremos contratar todos os funcionários e até mais gente. Nossos cálculos apontam para isso, garantiu.
Vadão afirmou que as negociações não deverão se arrastar por muito tempo. Estou no ramo há 29 anos. As negociações devem sair logo, até porque a entressafra se aproxima. Segundo o parlamentar, o ramo frigorífico é uma atividade que não pode prescindir da mão humana. Não há máquinas capazes de fazer o trabalho que fazem os magarefes.
Ao entrar no plenário lotado, Vadão foi muito aplaudido. Os aplausos continuaram quando ele, percebendo que o povo estava apertado no setor das poltronas, sugeriu que os sem-assento entrassem no espaço reservado aos vereadores. Afinal, esta casa é do povo, considerou.
Imediatamente, algumas pessoas entre elas o vereador Etore Baroni carregaram para um canto as mesas dos vereadores, abrindo espaço para que alguns ex-funcionários do IFC se sentassem no chão.
A seguir, ele foi à tribuna, de onde proclamou a saúde financeira de sua empresa. Hoje, cinco mil pessoas vivem da ação que fizemos juntos, disse. Vadão prosseguiu: Preocupa-me a ansiedade de vocês em saber como ficará a situação do frigorífico.
O empresário revelou que tem recebido sucessivos telefonemas do empresário Paulinho Okuma, seu colega de partido, e da prefeita Ana Bim (PDT), pedindo seu apoio na solução do problema. Hoje, falei com o Alfeu (Mozaquatro), perguntei se ele topava (vender), estamos fazendo contatos com a Justiça. A negociação caminha bem, mas temos algumas exigências a fazer e a maior delas é o pagamento, pelo IFC, dos direitos dos funcionários. Novamente, o deputado recebeu muitos aplausos.
PAULINHO OKUMA
O presidente Ademir de Almeida franqueou a palavra a quem quisesse fazer perguntas. O ex-funcionário José Eduardo Lourenção preferiu fazer uma reivindicação a Vadão. Queremos começar do zero. Nada de transferência de empregos. Lourenção se referia à recusa unânime dos demitidos em aceitar a proposta do IFC de transferir as responsabilidades trabalhistas para o sucessor.
À pergunta Existe um prazo para começar a trabalhar?, Vadão respondeu categoricamente: Se a gente se acertar hoje, quero começar amanhã.
Discretamente postado no fundo do auditório, o empresário Paulinho Okuma comentava com alguns repórteres que as negociações estão bem adiantadas: Está praticamente certa a parte comercial, só falta resolver os aspectos jurídicos. Pelo empenho que toda a sociedade tem feito, acho que tudo vai dar certo, previu.