Tudo começou no início de 2006, quando, às margens da Rodovia Euclides da Cunha, sob algumas árvores, tendo como pertences apenas um colchão, cobertores, duas panelas e alguns alimentos, passou a viver Antonio Cardoso da Silva, de 74 anos.
Sem família e sem amigos, o solitário andarilho veio de Tangará da Serra (MT) para Fernandópolis em busca de emprego e de uma vida melhor.
À espera de uma oportunidade de trabalho, ele foi ficando por ali, revezando-se entre as árvores e as margens da rodovia. Chegou a receber a visita da equipe do Parque Residencial São Vicente de Paulo, mas se recusou a morar no asilo.
O tempo passou e Antonio veio a falecer, mas permaneceram outros moradores, que continuam utilizando como casa um bico de terreno da margem da via de acesso da Avenida Litério Grecco para a rodovia Euclides da Cunha, perto da empresa responsável pela coleta do lixo da cidade.
Os empresários da região estão indignados: Essa situação demonstra a falta de atitude da prefeita diante dos problemas da cidade. Aqui está nascendo uma favela e sabe o que a prefeitura está fazendo? Nada!, desabafou um dos empresários que pediu para não ser identificado. Imagine como fica a imagem da cidade para milhares de pessoas que passam diariamente pela Euclides da Cunha. É assim que a prefeitura quer trazer mais empresários para investir em Fernandópolis, com esse lindo cartão postal? Duvido que seja uma imagem animadora, completou.
Em nota, a prefeitura afirma que, através da Diretoria do Bem Estar Social, já tomou todas as medidas cabíveis: Assistentes sociais, uma psicóloga e técnicos do CREAS, CRAS I Jardim Araguaia e da diretoria, por várias vezes estiveram no local na tentativa da retirada dos moradores, oferecendo auxílio para que voltassem a residir com seus familiares, internação em clínica para tratamento (os dependentes de álcool), internação em asilo, porém todas as tentativas, inclusive de fortalecer vínculos familiares foram recusadas. Para tentar solucionar o caso, a prefeitura, através da Diretoria do Bem Estar está encaminhando ao promotor de justiça, Dr. Denis Henrique Silva que tem conhecimento do caso, assim como o juiz Dr. José Rafael G. Salmene Alussaim, um relatório comunicando oficialmente o falecimento do Sr. Antonio, todas as ações efetuadas pela prefeitura para solucionar o caso e a necessidade de acionar o Estado quanto a providências, já que a área invadida pertence ao DER - Departamento de Estradas e Rodagem, diz o documento.