Farmacêutico-bioquímico apresenta estudos sobre doença e garante que o noroeste paulista é como uma bomba-relógio
Uma verdadeira bomba-relógio. Assim se expressou o farmacêutico-bioquímico Carlos Lima, de Fernandópolis, para definir o alto risco de epidemia de febre amarela que corre a região noroeste de São Paulo.
O pesquisador apresenta três pontos cruciais para justificar sua afirmação. A proximidade com as zonas endêmicas Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Goiás -; o fluxo migratório, que se constitui no ir e vir de pessoas para essas regiões, e a abundância do hospedeiro o macaco nas matas de São José do Rio Preto, Mirassol, Votuporanga, Meridiano, Fernandópolis e Ouroeste.
Segundo Lima, uma vez sendo contaminado, o macaco se torna um agente multiplicador do vírus. Basta que o mosquito (o aedes aegypti, que é o vetor da transmissão da doença) pique o macaco e em seguida o homem para que a doença seja transmitida, garante. O índice de mortalidade é alarmante: cerca de 50%.
ESTUDO
Em 2004, Carlos Lima e um grupo de colegas de pesquisa da área de virologia apresentaram um trabalho na Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, intitulado Febre Amarela: antígenos e anticorpos, onde adiantavam que a região poderia apresentar ocorrência de surtos isolados ou epidemias de maior ou menor impacto em saúde pública.
O estudo atribui o aparecimento dessas condições propícias ao ressurgimento da doença à disseminação do aedes aegypti, o que criou as condições para a reurbanização do vírus da febre amarela.
As recentes mortes de macacos em matas de Fernandópolis e outras cidades da região, sob suspeita de febre amarela silvestre, não devem ser desprezadas, diz Lima: Além dos procedimentos de praxe nos institutos, com a análise das vísceras, é preciso adotar medidas profiláticas consistentes e contínuas, como vacinação em massa, campanhas de orientação e divulgação, além de ações de erradicação do vetor e de catalogação e monitoramento desses macacos existentes em nossas matas.