Na manhã da última quinta-feira, Alan José Mateus, integrante e ex-presidente do Conselho Tutelar de Fernandópolis, vistoriou empresas que empregam jovens menores de idade. Estes adolescentes trabalhadores estão amparados pelo programa Jovem Aprendiz.
A primeira empresa fiscalizada foi a Luarte Móveis Artesanais, uma fábrica de cadeiras, bancos e outros móveis, localizada na rua Bahia, no bairro Coester. O proprietário, Vicente de Paulo Ribeiro, 48, explica por que emprega 10 menores entre os 19 funcionários que possui.
Sou filho adotivo, fui morar com uma família que não era a minha família natural quando tinha um ano de idade. Quando tive a oportunidade de abrir minha própria empresa, prometi que iria ajudar jovens a trabalhar desde cedo, podendo orientar, com auxílio da Vara da Infância e Juventude e dos conselheiros tutelares, para bem encaminhar adolescentes em suas vidas, garante Vicente.
Um dos funcionários mirins que mais se destacam na Luarte é o estudante Maykon Antonio Guimarães, 15, e é também o adolescente que há mais tempo trabalha na empresa - já está trabalhando há dois anos na linha de produção denominada amarração pelos funcionários.
Desde que comecei a trabalhar aprendi a ser mais responsável com minhas coisas, com a escola, e meu pai hoje também trabalha comigo, disse o garoto.
Com um salário de R$ 600 mensais, ótimo funcionário e bom aluno, Maykon é o orgulho do pai, Antonio Guimarães, 34.
É bonito ver um garoto com a cabeça boa, excelente aluno, que ajuda em casa. Nós reformamos nossa casa e compramos um carro praticamente juntos, cada um contribuindo com uma parcela de seu salário. Quando se trabalha desde cedo o jovem não tem tempo para pensar em coisas ruins. Nasci em Pedra Preta, no Mato Grosso, e trabalho desde os 9 anos, sei bem como é começar cedo, e sei também que isso não traz prejuízo nenhum para a pessoa. Neste Natal, graças a Deus iremos comprar o computador que o Maykon tanto deseja, disse Antonio Guimarães.
O garoto tem outros sonhos: Quero cursar Biologia, e o computador me ajudará muito quando eu entrar na faculdade, diz Maykon.
Três empresas foram vistoriadas durante a mini-blitz do Conselho Tutelar, que pôde observar o trabalho de 13 menores. Alan José Mateus garante que para trabalhar, os menores têm sua obrigação firmada com as diretrizes do programa Jovem Aprendiz. Um menor que não freqüenta regularmente a escola, e que não apresenta um ótimo desempenho escolar, não consegue trabalhar. Além disso, nós vistoriamos as empresas onde estes menores trabalham para verificar as condições de trabalho e o ambiente onde estes adolescentes estão, bem como visitamos suas residências, para conversarmos com seus pais, assim, conseguimos um perfeito diagnóstico de como está a vida desses jovens trabalhadores, disse o conselheiro tutelar.