Andar pelos labirintos da Santa Casa, nos dias de hoje, não é tarefa fácil. O hospital parece um canteiro de obras. Ao chegar à sala da administração, nova surpresa: ela está sendo totalmente reformulada, a administração desapareceu. Pergunta aqui, pergunta ali, a reportagem localiza a atual sala da provedoria. A secretária informa que José Sequini Junior, o provedor, ainda não chegou.
Consultado o relógio, percebe-se um adiantamento de sete minutos. E, exatos sete minutos depois, Sequini chega à sua sala, onde um grupo de assessores o aguarda para os despachos do dia. Há muita coisa para decidir, muito papel para assinar. O provedor toma algumas providências e se senta à mesa. Prático e objetivo, como sempre foi, ele discorre sobre as mudanças profundas que a nova Mesa Diretora tem feito no hospital. Aos 41 anos, esse bem-sucedido empresário, que é casado com Irene e pai de dois filhos, abraçou a causa da Santa Casa a pedido do pai, e não se arrepende. Até porque ele costuma se apaixonar com facilidade pelas coisas de Fernandópolis.
CIDADÃO: Qual é a avaliação dos resultados do jantar beneficente da Santa Casa, realizado no último sábado?
SEQUINI: É uma avaliação extremamente positiva. Nós conseguimos vender 558 convites, o que realmente é bastante para uma região como a de Fernandópolis. Foi gratificante, porque os resultados mostraram que a sociedade de Fernandópolis e região apóia a atuação da mesa administrativa, bem como dos médicos e colaboradores da Santa Casa, cujo objetivo é melhorar cada vez mais o atendimento do hospital. Nosso jantar foi realmente um grande sucesso, o Vips Eventos estava completamente lotado, e ficamos gratificados pela colaboração efetiva e pela presença do público, porque não basta comprar, é importante a participação. E nisso, tivemos uma resposta bastante positiva.
CIDADÃO: O secretário estadual de Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata, prometeu doar à Santa Casa o equivalente ao que fosse arrecadado na promoção pelo menos, foi o que se anunciou durante a festa. Isso é verdade?
SEQUINI: Sim. Aconteceu o seguinte: quando ele veio a Fernandópolis para inaugurar a nova UTI, nós aproveitamos a oportunidade para lançar a promoção do último jantar. A arrecadação do jantar do ano passado era destinada à reforma da UTI, e na inauguração, lançamos a nova promoção. Aí o Barradas disse textualmente que para cada real arrecadado a Secretaria da Saúde colocaria mais um real. Na semana passada, nós o lembramos dessa promessa e ele confirmou. Também o deputado Julio Semeghini esteve com ele na semana passada para tratar de assuntos relativos à transformação da Santa Casa em hospital de ensino e o fez recordar a promessa. O Dr. Barradas disse que ele podia confirmar. No dia da festa, tivemos a grata satisfação de receber o Dr. Valdecir Carlos Tadei, que é diretor regional da Secretaria da Saúde, e ele e o Julio confirmaram as declarações do Dr. Barradas. Assim, encaminharemos ainda esta semana um ofício, confirmando o resultado financeiro para que o secretário, também no prazo mais rápido possível, possa nos repassar esses recursos. Dessa forma, entre o que foi arrecadado e a verba da Secretaria, nosso jantar terá rendido mais de meio milhão de reais. Um grande resultado que só nos anima a trabalhar ainda mais.
CIDADÃO: Algumas pessoas se queixaram de que o pré-sorteio (foram pré-sorteadas 50 pessoas entre os 558 que adquiriram convites, para receber uma chave e tentar dar partida no Pálio Zero KM, o prêmio da noite) acabou eliminando a expectativa dos demais participantes do jantar. Por que houve essa mudança em relação ao ano passado?
SEQUINI: Porque no ano passado nós sentimos que o sistema de sorteio demorou demais. Veja, no ano passado, o carro só pegou lá pela chave 233. Este ano, na 24ª chave já saiu o carro e olha que isso ainda demorou uns quinze minutos. Nós só mudamos para ir mais rápido, e, além disso, o show do Flávio Venturini tinha horário certo para começar. O show não poderia começar muito tarde, o pessoal de Fernandópolis tem o hábito de dormir mais cedo. A idéia, enfim, era agilizar. Só que para o jantar do ano que vem nós vamos mudar de novo: além do sistema que foi feito sábado, com as 50 chaves, vamos ter um outro prêmio para aqueles que não entraram no pré-sorteio.
CIDADÃO: Quais são os projetos da provedoria, em curto prazo? Digamos, o que ainda vai ser feito na Santa Casa em 2007?
SEQUINI: Estamos reformando o Centro Cirúrgico, e com o dinheiro que foi arrecadado no jantar essa reforma será agilizada. Estamos comprando equipamentos para o Centro Cirúrgico. Paralelamente, estamos terminando as obras do IACOR, que é o Instituto Avançado de doenças Cardiovasculares, onde serão realizadas angioplastias, cateterismo, neurocirurgias etc. Vamos começar a construção de um novo laboratório dentro dos padrões exigidos pela Secretaria de Saúde, porque o nosso laboratório estava em desacordo com as novas normas, e teríamos que adequá-lo. Só que isso ficaria tão caro quanto construir outro. Assim, vamos fazer um novo laboratório, não dentro, mas ao lado da Santa Casa, com saída para a rua, de modo que o paciente externo chegue mais fácil ao laboratório. Estamos terminando a Unidade 6, que dará mais conforto aos pacientes de convênios e particulares. Fizemos um acordo com um grupo de médicos para a instalação da ressonância magnética, além de uma nova tomografia, ultra-som e raio X, tudo no sistema PACS, que é um sistema digitalizado de imagens que dispensa o uso de papel. O médico vê o resultado do exame no seu próprio monitor. Ele vê através da Internet. Fechamos ainda um projeto de informatização bastante avançado e queremos anunciar que estamos montando um convênio com a financeira Finasa, através do qual qualquer pessoa poderá financiar o pagamento de uma cesariana em até 36 vezes, com as acomodações que o paciente escolher. Teremos três níveis de internação para essa paciente de cesariana. Ela poderá escolher o seu médico, e haverá um diferencial na acomodação. O padrão de atendimento, do ponto de vista clínico, será o mesmo para todas.
CIDADÃO: Como vai o projeto da Associação de Voluntários da Santa Casa?
SEQUINI: O projeto vai maravilhosamente bem. O estatuto já foi redigido e aprovado. Temos tido uma participação muito efetiva da população, e esse é realmente o projeto de que eu mais gosto, porque permite à comunidade participar da vida do hospital. É a comunidade ajudando a comunidade. Quem pode e tem condições ajuda a quem precisa, dentro das possibilidades de cada um. Para o paciente, isso é fantástico porque terá um tratamento mais humanizado. Além do tratamento físico, ele terá um acompanhamento com muito calor humano, o que influi favoravelmente no fator psicológico. A afetividade também cura. Há doentes que precisam menos de tratamento físico e mais de afetividade. Esse projeto atenderá a esses pacientes e o resultado final será bom para todos. A cada reunião dos voluntários, aparece mais gente querendo participar, estou entusiasmado com esse trabalho.
CIDADÃO: Você disse há algum tempo que não queria mais dar entrevistas porque poderiam dizer que você tinha interesses políticos, e só aceitou esta conversa para falar exclusivamente da Santa Casa. Essa posição se mantém? Você continua querendo distância da política partidária?
SEQUINI: Isso é ponto pacífico. Muita gente pensa que quero ser candidato a prefeito. Olha, até admiro quem pretende ser, porque o cargo é espinhoso. Mas, garanto que o meu propósito é ajudar Fernandópolis ajudando a Santa Casa. Não tenho pretensão política. Diversos partidos me procuraram em setembro, para que me filiasse. Eu não sou filiado a partido algum, mas não aceitei. Respeito os partidos, respeito os políticos, mas para mim não serve. Quero dar minha contribuição à cidade através da Santa Casa.