Não se tratava do folclórico homem da cobra, que há muito tempo não passa por Fernandópolis. Mas eram dois artistas anônimos como muitos que existem em todo o país, desses que têm seu minuto de fama em programas de auditório, como do Faustão na TV Globo, no quadro Se vira nos trinta.
Gerson Lúcio Martins, do Rio de Janeiro, e Abebiano de Souza, de Jundiaí, formam a dupla, que chamou a atenção de um grande público estrategicamente acomodado em uma sombra na Praça da Matriz, na esquina da rua São Paulo com a avenida Amadeu Bizelli, na tarde desta terça-feira.
Eles vendiam pomada para dores musculares, banha de peixe elétrico, e um chá miraculoso, flor do amazonas, que segundo Gerson, contém mais de 25 plantas.
É bom pra tirar lombriga de criança, abrir o apetite, tanto alimentar quanto sexual, e serve pro homem e para a mulher também, garante o carioca.
Contando muitas histórias de fé e engraçadas, através de uma sonoridade muito próxima de um repente, que lembrava a cadência do cordel, os dois companheiros também apresentaram alguns números tipicamente circenses.
Gerson pulava entre pontas de facas fixadas em um aro de bicicleta e Abebiano, com um chicote, picava dois cigarros que uma das mulheres da platéia, depois de ser cortejada pelo artista, segurava com as pontas dos dedos.
Conseguimos ganhar em média R$ 600,00 por mês, e nós nos apresentamos em cada cidade por cerca de uma semana, no máximo dez dias. Há cidades em que ficamos por mais tempo, devido a algum convite, ou a receptividade do público, das pessoas, e também há as cidades em que mal chegamos, já partimos, ficando bem menos tempo do que nos acostumamos a permanecer, conta Gerson.
A dupla chegou à cidade vinda de Catanduva. Antes, haviam passado por Bauru, Jaú, Matão, São Carlos, Araraquara, Jundiaí. Depois, seguirão para Jales e Votuporanga, antes de continuar a viagem por outras regiões do Brasil.