A rotariana Penny Oqlesby, de 61 anos, é uma daquelas pessoas que tem a consciência de que é uma cidadã do mundo. Proprietária de uma loja de comida natural na cidade de Farmingtom, no estado americano de Michigan, ela conheceu o Brasil há dez anos e desde então vem visitar anualmente os amigos que fez por aqui.
A vontade de ajudar outras comunidades é uma marca registrada de Penny, que foi a principal responsável por levantar uma verba de US$ 15 mil para a construção da cozinha industrias do CAEFA, há alguns anos.
Uma apaixonada pelo Brasil, Penny faz parte de vários projetos sociais de Rotary Clubs de nossa região. Sonha com a paz mundial e que todos tenham a oportunidade de ter água potável e praticar sua religião em harmonia com as outras.
O CIDADÃO aproveita a oportunidade para agradecer a equipe da Pró-Mídia Comunicação que foi a intérprete desta entrevista.
Como você descobriu Fernandópolis?
Os meus amigos Aracy e Massamiti Nywa participaram de um Intercâmbio da Amizade do Rotary Club nos Estados Unidos e foi lá que eu os conheci. Uma das propostas deste intercâmbio é justamente conhecer a cultura, os lugares, as comidas, além dos costumes locais de outros países. Então quando eu vim para o Brasil, em 1996, o Massamiti e a Aracy me trouxeram para conhecer Fernandópolis e foi então que eu me apaixonei por esta cidade.
E o CAEFA (Centro de Apoio à Educação e Formação de Adolescentes antiga Guarda-Mirim Masculina), como foi o seu primeiro contato com esta instituição?
Nesta oportunidade em que vim pela primeira vez ao Brasil também pude conhecer o trabalho desenvolvido pelo CAEFA, que ao meu ver é um dos principais projetos mantidos pelo Rotary Club, no mundo.
Fiquei muito impressionada com o papel desenvolvido pela instituição na comunidade, porque na época eram aproximadamente 300 jovens que recebiam assistência médica e odontológica, encaminhamento profissional, treinamento, corte de cabelo, noções de higiene e além de tudo recebiam três refeições por dia. Porém, percebi que a estrutura da cozinha do CAEFA era pequena para preparar aproximadamente mil refeições em um único dia. Não era funcional, o fogão era pequeno, não tinham locais adequados para armazenar e preparar os alimentos, os refrigeradores e freezers também eram insuficientes.
Na ocasião, os rotarianos daqui de Fernandópolis me informaram que já fazia doze anos que eles estavam tentando levantar a verba para conseguir um Projeto de Subsídio Equivalente com o Rotary Internacional, o qual seria aplicado na construção de uma cozinha industrial para a instituição.
Foi então que abracei a idéia de levantar verba para aquela entidade e em quatro meses conseguimos dinheiro suficiente para construir ali uma cozinha industrial.
O que é um Projeto de Subsídio Equivalente do Rotary Club?
Os Subsídios Equivalentes têm como objetivo apoiar projetos de prestação de serviços humanitários com a participação de Rotary Clubs ou distritos de dois países diferentes.
A Fundação Rotária equipara US$ 1 para cada US$ 1 de contribuição proveniente do FDUC (Fundo Distrital de Utilização Controlada) e US$ 0,50 para cada US$ 1 de contribuições em dinheiro. Porém, às vezes, a cada dólar levantado por um clube, dependendo do projeto a ser apoiado, este valor volta multiplicado em sete vezes.
No caso do CAEFA, especificamente, conseguimos levantar na época US$ 15 mil para o projeto de construção da cozinha industrial.
Quando você retornou ao Brasil e a cozinha industrial do CAEFA estava implantada e já funcionando, qual foi seu sentimento?
Quando eu vim para a inauguração da cozinha, há dois anos, juntamente com a minha família, eles prepararam uma grande festa para nos receber, inclusive estavam presentes também as famílias dos jovens assistidos pelo projeto. Na verdade fiquei impressionada, porque tudo ficou muito além das expectativas, o dinheiro foi muito bem empregado e a cozinha foi muito bem montada. Sinceramente, foi um dos momentos mais emocionantes da minha vida.
Qual a imagem que a grande maioria dos norte-americanos possuem em relação aos Brasil? A corrupção que acontece aqui tem grande destaque na mídia dos EUA?
A imagem passada lá fora é a de que o Brasil é uma grande Amazônia e que todos são muito primitivos. São estereótipos apresentados que não condizem com a realidade, assim como na áfrica as pessoas não vivem no meio dos animais das savanas e usam roupas de pele de animais e muito menos os povos da Antártida vivem em casas construídas com blocos de gelo (risos).
Quanto à história da corrupção e de como o governo brasileiro funciona, só começamos a ter contato com este assunto quando realmente chegamos aqui, porque começamos a ler sobre este assunto nos jornais e revistas, porém, em todos os países há corrupção.
Nos Rotarys Clubs, especificamente os de nossa região, os projetos desenvolvidos, em sua grande maioria, são voltados para ações imediatas, como a compra de alimento para matar a fome de pessoas, remédios, o que não dá para esperar. Quais são os projetos desenvolvidos em seu Rotary Club, em Dearborn (EUA)?
Todos os clubes do meu distrito têm muitos projetos de assistência à comunidade, assim como vocês possuem aqui. Como exemplo posso citar um projeto que fizemos no último outono: um casal de deficientes físicos que dependiam de cadeira de rodas para se locomoverem moravam em uma casa que não era adaptada e eles não conseguiam se locomover dentro da casa. Então o meu clube se mobilizou e conseguiu fazer as adaptações necessárias, como afastar as paredes, alargar as portas, tudo para facilitar o acesso dessas pessoas. Lá também existem clubes que desenvolvem projetos para conseguir remédios, rampas de acessos, enfim, o Rotary Club tem essa função de atender socialmente a comunidade. Às vezes os problemas são um pouco diferentes no Brasil, mas o nosso intuito de servir é universal.
Em quais outros projetos do Rotary Club você está envolvida aqui no Brasil?
Em São José do Rio Preto estamos envolvidos na construção de uma escola que atenderá aproximadamente 500 crianças. Para o Banco de Apoio do Rotary Club 22 de Maio, de Fernandópolis, trouxemos dessa vez 5 caixas com muletas, óculos e bengalas. Além de Fernandópolis e Rio Preto também temos projetos em parcerias com as cidades de Uchoa, Santos e Guapiaçu.
Inclusive desta vez trouxemos duas jovens do Interact Club de minha cidade para conhecer o Interact Club de Fernandópolis no intuito de que eles possam desenvolver projetos juntos no futuro. Será a primeira experiência internacional deste clube.
Se você tivesse o poder de mudar alguma coisa no Brasil, o que mudaria?
Primeiro gostaria que o governo investisse mais em educação, construísse mais escolas, garantindo uma educação de qualidade, assim como é feito nos EUA, com material escolar, boas condições de ensino e transporte gratuito aos alunos. Isso é muito importante para a evolução de uma nação.
A questão ambiental também deve ser revista. É necessário oferecer água potável à população, além de assistência médica para todos.