Em meados de abril, dona Ioshiko Nobukuni, uma bancária aposentada de 64 anos, sentiu os primeiros sintomas da dengue. A princípio, parecia um resfriado comum. Em seguida, vieram as manchas no abdômen, febre e dores nos olhos e no estômago.
Ela não conseguia comer nada. Sentia dores por todo o corpo, seu intestino começou a sangrar. Internada sob suspeita de dengue hemorrágica, ela foi internada duas vezes (na primeira, permaneceu no Hospital das Clínicas por dois dias; na segunda vez, a internação durou quatro dias) e só foi liberada no dia 26 de abril.
Dona Ioshiko ainda espera os resultados do exame, que foram para o Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo. Porém, tudo indica que ela teve mesmo a dengue hemorrágica, a pior forma de manifestação da doença.
Apesar de estar bem melhor, como afirma, ela ainda tem a aparência de quem acabou de sair de uma doença grave. Além disso, continua sentindo dores pelo corpo.
Nada disso, porém, impediu que dona Ioshiko levasse avante uma idéia que teve durante o período de internação: lutar mesmo sendo leiga contra a doença.
INTERNET
O primeiro passo até porque ela estava em convalescença foi pesquisar na rede mundial tudo o que existisse sobre o aedes aegypti, o mosquito transmissor.
Ela descobriu que uma empresa de Belo Horizonte chamada Ecovec desenvolveu um método de erradicação do bichinho. A empresa normalmente é contratada pelas prefeituras. Seu trabalho consiste em fazer monitoramento do vetor, espalhando armadilhas pela cidade. Segundo a aposentada, a empresa cobra R$ 590 por km2 monitorado em áreas urbanas. O sistema se chama MI Dengue Monitoramento Inteligente da Dengue.
Depois de não conseguir entrevista com a prefeita de Fernandópolis para indicar os serviços da empresa, dona Ioshiko resolveu desenvolver uma versão caseira da armadilha da Ecovec. Invento terminado, ela detalhou-o numa pequena felipeta de papel e distribui cópias pela cidade. Sou uma pessoa que fuça, que procura aprender, disse.
Indagada sobre os motivos que a levaram a desenvolver sua campanha solitária (e solidária), a aposentada se justifica: Não é justo corrermos risco de morte por causa dessa porcaria de mosquito.