O que de belo e honesto

20 de Agosto de 2025

Compartilhe -

O que de belo e honesto
 Xenófanes já dizia: “O que de belo e honesto os deuses não concedem aos homens senão o poder de muito trabalho e persistência”. Uma frase que traduziria bem a conduta de Luiz Alberto Veiga Junior, o Juninho da Fernanvel – Funilaria, Pintura e Polimento e agora, guincho!

Aos 44 anos de idade, leva no dedo anelar esquerdo uma aliança de ouro e um nome tatuado: Telma. A mulher com quem decidiu dividir a vida ainda muito novo, aos 21 anos de idade – após namorarem por quatro anos e meio. “Éramos dois moleques que brigavam como gato e cachorro. Quando tem que ser, não tem o que atrapalha. Graças a Deus estamos juntos e estamos super bem e temos esse moleque abençoado”, conta. O moleque a quem se refere é Diego, 22 anos, filho do casal.

Juninho descobriu o trabalho muito cedo, ainda criança. Quando seus pais se divorciaram, ele e seus irmãos eram muito pequenos e moravam em São Paulo. Se viram embarcando para o interior e vieram parar em terras fernandopolenses. “Nossa vida começou cedo, tanto no trabalho, quanto na responsabilidade. Meu padrasto não era ‘o pai verdadeiro’, mas ele se preocupava com a gente. Ele queria que virássemos homem e por isso começou a nos levar para a oficina para nos ensinar a profissão”, explica como foi sua iniciação na profissão.

O padrasto Miguel Orlando faleceu em 1990, no mesmo ano em que Juninho se casou com Telma. “Ele morreu em janeiro e eu me casei em junho. Ele foi uma pessoa muito marcante na minha vida. Foi uma pessoa que, apesar de não ter aquele carinho de pai, ele fez o papel de homem ao nosso lado. Ensinou muitas coisas legais, como ser um homem honesto, ter caráter, a profissão que eu tenho é graças a ele. Uma pena que ele faleceu antes de ver a gente com a oficina”, conta.

Todavia, antes da oficina, já havia uma luta por uma melhora de vida. Acontece que Juninho estava procurando no lugar errado. Aos 19 anos, quando cumpriu o Tiro de Guerra, anunciou sua ida à São Paulo, para trabalhar. “Falei para o meu padrasto que queria ir para São Paulo. Ele não queria muito que eu fosse, pois dos irmãos, eu era o único que o ajudava na oficina. Eu tinha aquela vontade de vencer na vida. Eu fiquei em São Paulo até os 21. Foi quando ele, infelizmente, faleceu. Logo eu me casei com a Telma e a levei para São Paulo, onde ficamos por mais um ano. Depois retornamos para Fernandópolis porque eu havia perdido o trabalho lá e estava bem difícil. Vim embora com a família: minha mãe, esposa, sogro, sogra”, relembra o passado.

Quando retornou, trabalhou na W.T.W., mas também não deu certo e resolveu se aventurar em Campinas. “Tentei Campinas, mesmo com o sogro e a minha sogra contra porque eles achavam que eu não fosse voltar, que eu fosse me aventurar e abandonaria minha família. Eu não tinha essa cabeça, eu pensava neles. Eu queria crescer para eles. Fiquei mais um tempo em Campinas, não deu certo e voltei para cá de novo. Logo apareceu uma oficina de funilaria e pintura para eu comprar. Era bem pequenininha. Graças a Deus a vida começou a deslanchar”, conta.

A princípio eram três sócios, agora, apenas Juninho no comando, com seu companheiro fiel ao lado, o Diego. Quando terminou o ensino médio, Diego prestou vestibular para Sistemas de Informação, passou, mas só tinha turma disponível à noite. Para não ficar parado durante o dia todo, Juninho o convidou para ajudá-lo na oficina. “Comecei com sete anos e ele não poderia começar com 17?”, conta rindo. “Ele veio e deu certo, começou a tomar gosto. Se formou e tomou a frente da oficina, se credenciou em todas as seguradoras que não éramos credenciados e parceria tem dado certo”.

Com a chegada de Diego na oficina, Juninho até consegue folgar uma semana para a pescaria programada o ano inteiro – descanso merecido para quem emprega 12 funcionários e sonha em poder empregar mais gente. “Trabalho é tudo para mim. Quando você não ama o que faz, parece que a coisa não anda. Eu terminei o ensino médio, mas nunca fiz faculdade. Eu agradeço meu padrasto pela profissão que ele me deu”.

Trabalho com amor é crescimento, faz amigos, planta maturidade. Tanto que Juninho quer expandir não apenas os negócios, como também o espaço físico. Seu sonho, atualmente, é conseguir uma área para construir um novo espaço para a sua empresa. “Nosso trabalho acontece em momento não muito feliz da vida de nosso cliente e eu queria oferecer mais conforto para eles, além de otimizar os nossos serviços”, explica.

Enquanto o sonho não se realiza, Juninho vai tocando o seu trabalho – sempre incansável – de acolhimento, principalmente. Com fé em Deus e muito suor, a dignidade de uma empresa vai se consolidando e se transformando, conforme manda as pessoas de boa vontade.