O Homem de muitas paisagens

20 de Agosto de 2025

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O Homem de muitas paisagens
 Ele não entende apenas de Engenharia Civil. Entende também da engenharia da vida, da dinâmica, do ato de não parar. Nunca. Tiago Henrique França Baroni logo completa 28 anos de vida, fernandopolense, cidadão do mundo. Na estampa, rapaz tranquilo; na cabeça, tempestade. Pensamento rápido, politizado, focado.

Formou-se pela XX Turma de Engenharia Civil da Unicastelo, em dezembro de 2010. Imediatamente iniciou uma especialização em Licitações e Contratos Administrativos e, desde o ano passado, faz latu sensu em Engenharia Ferroviária em Brasília-DF pela Universidade Gama Filho.

Durante a faculdade, trabalhou no 2º Tabelião de Notas e Protestos de Fernandópolis e, concomitantemente, realizava seus estágios em algumas construtoras da cidade e consultorias para elaboração de licitações como um trabalho extra.Essa consultoria foi o que deu a inspiração para que eu saísse da faculdade e fizesse minha primeira especialização. No dia em que apresentei minha monografia fui contratado por uma empresa de engenharia elétrica de São José do Rio Preto para trabalhar na construção de uma Usina de Geração de Energia a Diesel em Taboão da Serra-SP (essa usina é dentro da PRODESP. Lembra-se que no primeiro trimestre de 2011 os sistemas de B.Os, carteira de motorista e multas ficavam saindo do ar? Pois bem, era justamente por essa obra). O intuito da minha entrada na empresa era trabalhar com o contrato dos subempreitados, fornecimento de materiais just-in-time e programação interdisciplinar (congregar as necessidades da Arquitetura, Engenharia Mecânica, Elétrica, Civil e Ambiental, presentes na obra)”, explica.

Logo a obra acabou e, com ela, o contrato. Como tudo acontece muito rápido na vida de Tiago, dois dias depois foi convocado para um processo seletivo para a ALL - América Latina Logística, contratado pela empresa como Analista de Operações, com o intuito de reativar o ramal da antiga Araraquarense, que saía de Araraquara-SP e ia até Colômbia-SP. Agregando conhecimento e valores, no final de 2011, assumiu a manutenção de todos os ramais desativados do Estado de São Paulo ( que consistia em Cajati x Samaritá, Ramal Piracicaba, Bauru x Panorama e Pradópolis x Barretos). Desenvolveu alguns materiais técnicos, especificamente nas áreas de geometria e manutenção da via permanente e, com isso, foi chamado para assumir a duplicação da ferrovia entre Santos e Campinas.Em março desse ano senti que meu ciclo dentro da companhia havia acabado, tanto pelo esgotamento físico - execução na engenharia ferroviária suga todas as energias de qualquer pessoa - quanto pelos anseios pessoais. A execução para mim sempre foi um gerador de experiência, porém, sempre ansiei pela área de projetos. Pedi meu desligamento em uma quarta-feira e, no dia seguinte, fui convidado para vir para o Distrito Federal para trabalhar com projetos geométricos”, conta.

Para Baroni, paradas nunca existiram. Viajando profissionalmente por mais da metade do país e até mesmo para a Bolívia, as mudanças sempre se fizeram presentes, mesmo que isso lhe custasse a saudade.Sempre disse para minha mãe que ela havia me criado para o mundo. Essa minha visão da vida, muito embora seja muito agradável aos ouvidos de caçadores de oportunidades como eu, tem um custo muito alto: a solidão. Vejo minha família em períodos muito espaçados, meus amigos eu vejo cada dia mais distantes - se não fosse pelas redes sociais já teria perdido contato com a maioria. Criar novos amigos é praticamente impossível, pois passo a maior parte do meu tempo trabalhando e, quando estou começando a criar vínculos, levanto acampamento e sigo caminho”.

Todavia, mesmo com todas essas dificuldades, existe uma filosofia de vida que vai além da saudade, dos amigos, da família. Uma ideologia que necessita de muito desprendimento. “Olhe ao redor, ignorando os limites de Fernandópolis. Quantas oportunidades bacanas você vê? Quantas pessoas interessantes para serem conhecidas e quantas coisas para fazer? O mundo é um circo repleto de oportunidades. Limitar-se a Fernandópolis é perder o todo. Sempre pensei assim, sempre pensei em correr atrás das oportunidades. Aproveitei alguns contatos com colegas e comecei, desde muito cedo, a criar uma teia de contatos fora da cidade”, explica.

Prestes a completar 28 anos, parece que Tiago já viveu meio século. E será que ele voltaria para Fernandópolis? Pouco provável. Fernandópolis ainda não oferece subsídios. “Mas, quem sabe? Eu busco boas oportunidades de crescimento pessoal e financeiro. Não sou hipócrita para dizer que não, nem filantropo para acreditar que o capital não importa. Nesse momento, Fernandópolis encontra-se crua para meus objetivos”.

Atualmente, sua passagem por Brasília tem gerado bons frutos e tem procurando se dedicar ao máximo ao momento de sua carreira, como sempre fez. Vivendo na terra da política, nunca se desligou de sua cidade natal. “Fernandópolis é uma cidade com um potencial fantástico. O nível de serviços, como atendimento, serviços públicos, variedade e disponibilidade de itens, é excelente, mas médio-baixo se comparado com outros municípios do Estado de São Paulo. Porém alto, se comparado com outras cidades fora do Estado, inclusive se comparada com cidades maiores. Entretanto, a cidade sofre com um coronelismo velado e uma visão provinciana que fazem com que a evolução venha a passos de formiga. A cidade precisa muito de uma renovação, seja no cenário político (mesmo longe acompanho as notícias por sites), seja dos formadores de opinião, mas, principalmente, da visão da população. O que eu vejo é que os fernandopolenses acostumaram a serem passivos, cordeiros da situação, mas que, na hora de mudar tudo, seja mudando o quadro político, seja isolando os "cânceres" da cidade, simplesmente procrastinamos e deixamos para a próxima”, emite sua opinião - dura, direta e sincera, como sempre faz com ele próprio, com o próximo, com a vida.