Líder da Companhia Alvorada diz que “não há renovação” entre músicos, cantores e palhaços
Ele não aparenta os 82 anos que já completou. Geraldo José dos Santos, o Geraldinho, baiano de Rio de Contas, está em Fernandópolis há 35 anos. Contramestre da “Companhia Alvorada”, que ele comandou anos a fio ao lado de seu xará, o falecido radialista Geraldo Ricco, tem medo de que essa tradição chegue ao fim – pelo menos em Fernandópolis.
“Não surgem mais músicos, cantores nem palhaços interessados no Reisado”, admite. Devoto fiel, Geraldinho diz que recebeu muitas bençãos – para si e para a família. “Fui beneficiado pelos Reis Magos com a cura de minha neta”, afirma. A menina tinha um problema grave no ouvido, mas sarou. O fato aconteceu há 23 anos. Desde então, o contramestre da Alvorada promove Encontros de Bandeiras e outros eventos em louvor aos Reis Magos.
A festa próxima está marcada para 19 de julho, às 16 horas, na praça da Igreja do São Bernardo. Representa a viagem dos três Reis Magos (Baltazar, Belchior e Gaspar) para visitar o Menino Jesus, cujo nascimento teria sido anunciado pela Estrela de Belém.
Geraldinho contou detalhes dessa manifestação cultural brasileira, cuja origem remonta a Portugal, e foi trazida no período colonial para o Brasil.
O contramestre conta que a festa é organizada com os donativos dos devotos. Explica que o palhaço “é o guardião da bandeira”, na qual os devotos pregam fotos, bilhetes, mensagens de agradecimento por alguma graça recebida. As doações ou acontecem em dinheiro ou na forma de “prendas” – porcos, galinhas, carneiros.
A comida é feita por sua mulher e pelas três filhas do casal. Geraldinho convida a população para participar da festa do dia 19, um sábado. E se despede, levando adiante uma bandeira que não quer ver cair. Pelo menos enquanto Geraldo José dos Santos viver, isso certamente não acontecerá.
