Ultraprocessados compõem 22% da alimentação dos fernandopolenses

Dado foi revelado por estudo da USP publicado nesta sexta-feira na Revista Saúde Pública

20 de Agosto de 2025

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Ultraprocessados compõem 22% da alimentação dos fernandopolenses

A correria do dia a dia e gama cada vez maior de opções nos supermercados estão levando os brasileiros a aderirem aos alimentos ultraprocessados, como opção mais rápida e saborosa para matar a fome, mas são associados a um risco aumentado para pelos menos 32 problemas de saúde diferentes.

Você está com fome e precisa de algo rápido: abre o armário e pega um pacote de biscoito, um salgadinho, ou um macarrão instantâneo. Essa cena, comum no dia a dia de milhões de brasileiros, tem um preço: junto com a praticidade vêm os riscos à saúde. Um estudo realizado pelo Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens/USP) e publicado nesta sexta-feira, 27, na Revista de Saúde Pública, mostra um mapa de consumo de ultraprocessados em todo o Brasil. A média nacional de consumo de ultraprocessados é de 20%. Na pesquisa, Fernandópolis aparece com o índice maior, de 22,2%.

Os dados foram obtidos a partir da combinação de informações do Censo Demográfico e da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), ambos do IBGE. A pesquisa mostra que o consumo mais elevado desse tipo de alimento está associado a fatores como urbanização e renda.

"Em cidades onde mais de 15% da população tem renda per capita acima de cinco salários mínimos, os ultraprocessados representam mais de 20% das calorias diárias", aponta o levantamento.

“O que mais nos impressionou foi a heterogeneidade. Existe uma divergência muito grande entre os municípios. Vimos que especialmente a região Sul do país é onde estão concentradas as maiores estimativas, enquanto o consumo é mais baixo em estados do Norte e Nordeste. Nós esperávamos que o Sul teria maiores percentuais, mas não que fosse tão alto. Especialmente considerando a média do país, que é de 20%”, explica Leandro Cacau, pesquisador do Nupens e principal autor do estudo.

Apesar das diferenças regionais, com as regiões Sul e Sudeste concentrando o consumo de ultraprocessados, e Norte e Nordeste com menor intensidade, isso não significa necessariamente uma alimentação mais saudável.

"Famílias de baixa renda e zonas rurais consomem alimentos básicos, como arroz, feijão e açúcar — mas poucas frutas, legumes e verduras", ressaltam os pesquisadores.

Para corrigir essa questão, está em discussão, pela Reforma Tributária, a inclusão de um tributo que incida diretamente nos produtos ultraprocessados, conhecido como imposto seletivo (igual ao do tabaco), para desestimular o consumo desses produtos e, por outro lado, tornar os alimentos naturais mais acessíveis financeiramente.

Produzidos em larga escala por meio de técnicas industriais complexas, os ultraprocessados contêm ingredientes artificiais, aditivos químicos e substâncias que dificilmente são encontrados numa cozinha comum.

Veja lista de ingredientes comuns aos ultraprocessados, de acordo com o Ministério da Saúde: gordura vegetal hidrogenada; xarope de frutose; emulsificantes; maltodextrina; frutose; xarope de milho;espessantes;corantes; e realçadores de sabor.

A relação entre o consumo de ultraprocessados e doenças vem sendo documentada em estudos ao redor do mundo. Uma revisão recente de 45 pesquisas publicada na revista científica The BMJ revelou que há associação entre o consumo frequente desses alimentos e pelo menos 32 problemas de saúde diferentes.

Entre eles estão: obesidade; diabetes tipo 2; doenças cardiovasculares; depressão; e câncer.