Estudo projeta aumento de casos de câncer colorretal nos próximos 10 anos

Mais de 88% dos casos devem acometer pessoas acima de 50 anos

20 de Agosto de 2025

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Estudo projeta aumento de casos de câncer colorretal nos próximos 10 anos

Um estudo inédito, divulgado nesta quinta-feira, 27, projeta o aumento de 21% nos casos de câncer colorretal no Brasil, nos próximos 15 anos. O levantamento foi feito pela Fundação do Câncer, instituição privada e sem fins lucrativos, que há 34 anos atua em pesquisas, prevenção e controle da doença. https://agenciabrasil.ebc.com.br/ebc.png?id=1636322&o=nodehttps://agenciabrasil.ebc.com.br/ebc.gif?id=1636322&o=node

O estudo é divulgado neste mês de março com a campanha “Março Azul Marinho” de prevenção ao câncer colorretal.

Ele aponta que boa parte dos casos será observada entre pessoas com mais de 50 anos, grupo considerado de maior risco. A estimativa é que mais de 88% das notificações em 2040 estarão concentrados nessa faixa etária.

“Isso acontece porque o desenvolvimento do câncer demora décadas para acontecer. Demora, por exemplo, de 20 a 30 anos para um pólipo, que é uma pequena verruga no intestino, evoluir e virar um câncer”, descreve Alfredo Scaff, epidemiologista, consultor médico da Fundação do Câncer e coordenador do estudo.

Também chamado de câncer de cólon e reto ou de intestino grosso, ele está entre os cinco principais tipos de tumores que acometem homens e mulheres em todo o mundo. 

O câncer colorretal afeta o intestino grosso, o reto — a parte final do órgão — e o ânus. Ele costuma se desenvolver a partir de mutações genéticas de pólipos, massas que se formam na parede do sistema gastrointestinal.

Um ponto de alerta é que os sintomas da doença só costumam aparecer em estágios mais avançados, quando sangramentos passam a ocorrer. “Quando você faz um diagnóstico precoce e começa o tratamento logo na sequência, a chance de recuperação é enorme”, pontua Scaff.

Daí a importância do diagnóstico precoce. “O procedimento mais indicado é a colonoscopia que consiste na inserção de um tubo para enxergar o intestino da pessoa e, a partir disso, é possível ver se há algum pólipo. Caso seja encontrado, ele já pode ser retirado para ver se é um tumor ou não. O exame é fundamental para o rastreamento da doença”, pontua Scaff.

"A colonoscopia não é um exame simples, não é um exame fácil de ser feito, ele precisa ser feito num ambiente hospitalar ou numa unidade muito bem estruturada para fazer esse tipo de exame e hoje a gente não tem acesso a toda a população para esse exame. Então existem sim limites para você fazer esse diagnóstico precoce, principalmente por falta, muitas vezes, de acesso ao exame que é a colonoscopia", diz.

Além da colonoscopia, a detecção do câncer colorretal pode ser feita por exame de sangue oculto nas fezes anualmente. Esse exame é simples e barato, detecta traços de sangue nas fezes não visíveis a olho nu. Não substitui a colonoscopia, mas serve como triagem quando você tem uma grande população e não tem capacidade de oferecer a colonoscopia para todo mundo, alertam os médicos.

E, a prevenção se dá com controle de fatores de risco como obesidade, tabagismo, consumo de álcool e de carnes vermelhas em excesso ou processadas em qualquer quantidade. Entre os itens de atenção estão linguiça, salsicha, bacon, presunto e defumados.

“A alimentação e as atividades físicas são quase um binômio: me alimento mal, engordo, fico sedentário, não faço exercício... Isso retroalimenta a obesidade e por aí vai. A situação é um prato cheio para o desenvolvimento de doenças crônicas degenerativas e de cânceres”, cita Scaff.