Fernandópolis se despediu no domingo, 27, do artista primitivista Pedro Loverde que morreu aos 98 anos. O sepultamento ocorreu no final da tarde de domingo. “Faleceu o Sr. Pedro Loverde, grande homem! Artista que marcou a cultura de Fernandópolis”, escreveu Iraci Pinoti, da Secretaria de Cultura de Fernandópolis.
Nascido em Potirendaba (SP), em 1925, filho de um italiano da Sicília e de uma descendente dos índios caigangues, aos seis meses a família o levou para Araçatuba. Pedro cresceu trabalhando na lavoura, mas sempre achava tempo para fazer seus trabalhos em madeira.
Em Araçatuba, começou a entalhar, com seu canivete pequenos bonecos de madeira. Logo aprendeu a fazer piões, um dos brinquedos típicos de sua infância. Não parou mais.
Aos 23 anos, mudou-se para Fernandópolis, onde conheceu e se casou com Rosa Mininel. Passou a derrubar matas na propriedade do sogro, Emílio Mininel, e durante 40 anos trabalhou na lavoura do café. Depois - entre 1970 e 1972 - chegou a exercer a profissão de sapateiro. Uma cirurgia o levou à aposentadoria e à dedicação integral à escultura.
Na década de 70, foi um dos artistas a expor no Salão de Arte da Semana Universitária de Fernandópolis, já ao lado do filho, Onivaldo, também habilidoso escultor.
Com um estilo considerado "primitivista", a temática da obra de Pedro Loverde vinha da observação das coisas do campo - carros de boi, animais - e do folclore, como a Folia de Reis e as lendas do interior do Brasil.
Os instrumentos, além do velho canivete, eram o formão-goiva, o formão chapado, a lixa, a grosa e a enxó. As madeiras prediletas do escultor eram a aroeira, o cedro, o mogno e a cerejeira a madeira de abacate.
Em 2020, o jornal CIDADÃO encontrou Pedro Loverde e seu filho Onivaldo Loverde na residência no Jardim Coester para uma entrevista para marca o Dia 19 de março quando se comemora o Dia Mundial do Artesão. Já tinha perdido a destreza com as mãos para entalhar madeira, mas o filho revelava que o pai ainda fazia alguma coisinha para se distrair. Pedro Loverde deixa um dos mais ricos legados para a cultura de Fernandópolis.