No final da tarde de quinta-feira, 06, o provedor da Santa Casa de Fernandópolis, Marcus Chaer, apresentou para Secretário Estadual de Saúde, Dr. Eleuses Paiva, a versão final do plano de viabilidade financeira desenvolvido pela instituição. O documento foi idealizado em meados de março e já foi previamente apresentado ao diretor do DRS - Departamento Regional - de Saúde de São José do Rio Preto, Dr. Guilherme Camargo Pinto.
O provedor estava acompanhado por uma comitiva municipal com o prefeito André Pessuto, o secretário municipal de saúde, Ivan Veronesi, os vereadores Cidinho do Paraíso, Jeferson da FEF, Daniel Arroio, Pastorzão, representando a Câmera Municipal. O diretor jurídico da Santa Casa, Fernando Lucas e o diretor do IAcor, Dr. Rodrigo Araújo, também integrava o grupo para representar o complexo hospitalar.
Antes de viajar para a capital paulista, Chaer concedeu uma entrevista exclusiva ao programa Rotativa no Ar, da Rádio Difusora FM, quando falou da expectativa e também do processo de elaboração do plano. “Já apresentamos esse plano para o diretor da DRS fizemos diversas reuniões com os técnicos da DRS para ajustar nos moldes do Estado antes da apresentação. Iremos mostrar que a Santa Casa é juridicamente viável e que, lógico, tudo depende de vários aspectos, desde a parte SUS rodando direitinho, o particular e o apoio dos entes federativos. A ideia é que tenha uma forma de tirar as Santas Casas do buraco não só injetando dinheiro, mas também com a parte de gestão”.
Segundo Marcus, a Santa Casa deve ser administrada como uma empresa. “Gosto de fazer uma comparação como se nós fôssemos empresários apresentando para fundo de investimentos a viabilidade da sua empresa. Então, nós esperamos que os governos municipais, estadual e federal, se tornem sócios da Santa Casa, no sentido de entender a responsabilidade e a coparticipação. Quando eu digo sócios é no sentido de entender a coparticipação deles. O primeiro item que nós esperamos dos governos, não só do estado, é parte financeira, um reajuste de tabela e não só de procedimento; se a gente mostrar que está cumprindo as metas, um aumento no repasse talvez seja necessário e viável. Mas também esperamos respaldo. Iremos entrar numa situação complicada no final do ano, porque vai ter piso da enfermagem, piso salarial, então precisamos do recurso para cobrir. Enquanto isso, vamos fazendo um trabalho de recuperação de dívidas, não só em meio judicial, mas também em meios operacionais aqui”, explicou.
De acordo com o provedor, trata-se de um plano a longo prazo. “Começamos a fazer essa recuperação na parte de gestão há três anos atrás com a mudança de processo de fluxos, busca por certificações, redução de custos, otimização de recursos, elaboração de processos, redução de dívidas, equilíbrio do déficit operacional e o auxílio do poder público. Tudo isso a gente demonstra no plano e mostra que o hospital é viável e que precisamos da ajuda de vocês”.
Na entrevista, Marcus disse que está otimista com a aprovação do plano. “Otimista sempre estou, mas sempre com os pés no chão. É um plano muito técnico, mostramos com números e por números que é viável para manter o hospital. Estamos muito confiantes nesse raciocínio que temos que é de administrar o hospital como uma empresa. Tem a parte social e política que temos que fazer também, mas a parte operacional precisa ter. Acredito que a resposta não vai demorar muito para vir”.
Após a reunião em São Paulo, o CIDADÃO conversou com o assessor de imprensa do hospital, Augusto Martins de Jesus, que disse: “Não tivemos a aprovação de imediato. O documento irá passar por alguns ajustes, por questões técnicas de números que o Dr. Eleuses pediu que seja refeito. Esse documento será protocolado definitivamente na DRS e, posteriormente, enviado a Secretaria de Estado da Saúde”.
O assessor de imprensa disse ainda que o médico e diretor do Iacor - Instituto Avançado do Coração - Dr. Rodrigo Araújo, que também estava presente na reunião, foi convidado a apresentar um documento técnico que justifique a questão da hemodinâmica e cirurgia cardíaca para o SUS. “Isso será feito nas próximas semanas”, finalizou Augusto.
Questionado sobre o pedido de recuperação judicial da Santa Casa, Chaer revelou que o pedido já foi legitimado e que no momento o processo está nos trâmites burocráticos. “Nós entramos com pedido há alguns meses e foi legitimado pelo Tribunal, que era o mais difícil, pois atualmente não possui uma lei específica para entidades filantrópicas. No tribunal, o desembargador, que já havia concedido outras recuperações judiciais para hospitais, legitimou o pedido da Santa Casa e pediu para seguir o trâmite. Estamos na parte de documentação, que são 1.200 páginas no processo, que será analisada. Depois, o próximo passo será elaboração e apresentação do plano de recuperação, que é diferente do plano de viabilidade, que é na verdade um plano de pagamento para os credores”.
O provedor revela que muitas pessoas possuem uma visão diferente da dele a respeito da recuperação judicial. “Na verdade, as pessoas enxergam a recuperação judicial de maneira pejorativa. Eu, particularmente, vejo de uma maneira diferente. Acho que você está tentando salvar empregos, salvar empregos indiretos (terceirizados) só na Santa Casa somos em quase 700, fora os fornecedores locais e, sem contar a importância social da entidade”, completou.