Sangria foi contida, mas Santa Casa segue sob alto risco

20 de Agosto de 2025

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Sangria foi contida, mas Santa Casa segue sob alto risco

Após suspender quase mil procedimentos e ameaçar a fechar suas portas, a Santa Casa de Fernandópolis teve um respiro após receber o socorro emergencial no valor R$ 2,1 milhões da Prefeitura de Fernandópolis. Mas, segundo o provedor da entidade, Marcus Chaer, os bloqueios judiciais ainda continuam. “Conseguimos desbloquear algumas verbas que estavam bloqueadas, mas a questão de acordo não chegou, pois depende da outra parte. Continuamos na briga com outras instituições que tem processos, tentando compor”, disse o provedor em entrevista ao programa Rotativa no Ar, da rádio Difusora FM.
Segundo Marcus, o dinheiro foi suficiente para pagamento da folha médica. “A folha gira em torno de R$ 840 mil. Conseguimos pagar dois meses e pouco. No pronto socorro estava menos atrasado, na clínica cirúrgica mais, mas a grande maioria pagamos os valores de outubro e novembro, dezembro e algumas entramos em janeiro. Vamos lutando para honrar pagamentos e que não haja interrupção”, explica.
Atualmente os atendimentos estão funcionando normalmente, inclusive os serviços de urgência e emergência. “Quase mil procedimentos foram afetados, incluindo cirurgias eletivas. Estamos priorizando agendamento para quem foi desagendado. Atendendo essas pessoas, daremos sequência a fila do CROSS do Estado. Aumentamos o número de eletivas que estávamos fazendo por dia, incluindo atendimentos ambulatorial, até a fila voltar ao normal, ou ficar menos pior”. 
O provedor também disse na entrevista que a intenção é que nos próximos 15 dias outras verbas que estavam paradas ou bloqueadas devem ser liberadas. “Até o fim do mês a tendência é que poderemos respirar um pouco melhor e restabelecer o fluxo de caixa. Precisaríamos de mais um milhão para conseguir restabelecer uma ordem de pagamento natural. Os bloqueios afetam os pagamentos e fluxo de caixa”.
De acordo com Marcus, já existe uma discussão sobre o plano de viabilidade para que haja uma nova fonte de receita e financiamento especifico para a folha médica. “Está na parte técnica, sendo analisada e, acreditamos, que até o fim do mês estejamos pelo menos bem encaminhado. Com esses valores entrando para o custeio da folha médica, com ou sem os bloqueios ficamos mais tranquilos com relação a cumprimento de metas e serviço geral do hospital”.
Marcus também apresentou números para que a população entenda a matemática do pagamento do SUS – Sistema Único de Saúde – para o hospital. “Digamos que a Santa Casa receba R$ 2 milhões de SUS para fazer 17 mil atendimentos para Fernandópolis, mas fazemos uma média de 22 a 24 mil atendimentos mês. Esses excedentes não recebemos. A nossa ideia é que esse plano de viabilidade justifique os excedentes para que possamos receber os pagamentos. A conversa com o Estado foi aberta e trouxe tranquilidade, acredito que até o fim do mês tenhamos isso bem encaminhado”. 
Outra solicitação é quanto ao repasse do SUS para os leitos de UTI – Unidade de Terapia Intensiva. “Durante a pandemia, o governo pagava de leito de UTI Covid R$ 1,6 mil. Chegou a custar pra gente R$ 3,2 mil. Agora as Santas Casas pleiteiam que o valor seja equilibrado com o que era na pandemia elevando a diária de UTI para pelo menos R$ 1,6 mil”.
O gestor do hospital revelou que a tabela SUS representa de R$ 400 a R$ 500 mil por mês no valor que ultrapassa o limite de atendimento só em Fernandópolis e, não é algo que a Santa Casa tem condição de custear. “Isso pesa e muito. A Santa Casa não é para dar lucro, mas não pode dar prejuízo. Se não houver um olhar do Governo Federal para as Santas Casas e hospitais filantrópicos vamos continuar vendo as Santas Casas fechando como está acontecendo. Caso esse plano aconteça, será um divisor de águas para a Santa Casa”, finaliza.