Na quarta-feira, 19, a data foi marcada Dia Mundial do Combate ao Câncer de Mama e, durante a semana, o programa Rotativa no Ar, da Rádio Difusora FM, contou duas histórias emocionantes e que tiveram um final feliz graças a fé e a informação.
Durante a entrevista, a jornalista Tatiana Gonçalves, muito conhecida pela imprensa local e regional, fez um alerta quanto ao diagnóstico de câncer em mulheres com menos de 40 anos. Tatiana sentiu o nódulo aos 37 anos e, só anos depois teve o diagnóstico de câncer de mama metastático. “Fiz a mamografia mas, embora sentisse o nódulo, dependendo do dia ele sumia. Então, todas as vezes o exame deu negativo. Fiquei muito brava quando a oncologista me deu o diagnóstico de câncer, pois eu já estava há quatro anos acompanhando. Mas eu queria que fosse negativo, então não questionava e não duvidava da resposta”, explica a jornalista.
Quando a doença foi descoberta ela já não era mais primária e sim metastática. Estava presente além da mama, na cabeça, ossos e fígado. “Vejo que as mulheres são incentivadas a fazer os exames a partir os 40 anos e, pelos hospitais em que passei, e as histórias que conheci, quase sempre as pacientes metastáticas são jovens. Eram mulheres que ainda não tinham consciência da necessidade de fazer mamografia ou ultrassom”, disse Tatiana.
Assim como a jornalista, a advogada e procuradora jurídica, Natália Scalabrini, também teve um diagnóstico da doença bem jovem, aos 28 anos. “No primeiro momento foi descartado a possibilidade de se tratar de um câncer por conta da idade, que é muito incomum. Mas aprofundamos, até ser constado um câncer de mama. Não havia diagnóstico na família, nenhuma prática habitual que auxiliasse do desenvolvimento da doença com tóxicos, bebidas alcoólicas, drogas, tinha uma alimentação saudável, tudo contra as expectativas. E ainda assim veio o diagnóstico”, contou Natália em entrevista.
Ao contrário de Tatiana, a advogada teve seu diagnóstico descoberto precocemente por um médico que insistiu em investigar o nódulo em sua mama. “Os exames de imagem são subjetivos e depende de como ele está sendo avaliado por aquele profissional naquele momento. Se o meu médico não tivesse questionado o resultado da ultrassonografia e investigado a fundo, certamente não teria tido o diagnóstico naquele momento”, destaca.
Durante seu tratamento, a advogada encontrou nos hospitais o mesmo cenário que Tatiana. Mulheres jovens que tiveram o diagnóstico tardio, pois os médicos acreditavam que era um nódulo benigno. “Quando acontece da paciente ter outros sintomas e vai ver, descobre que aquele nódulo primário era um câncer e terá que fazer o tratamento paliativo”, lembrou Natália.
Tanto Tatiana, quanto Natália, destacaram a falta de informação disponível para quem tem o diagnóstico. “O pouco que temos de informação é sempre de histórias muito pesadas e, quando iniciamos o tratamento, essas são nossas referências”, conta a advogada. Para a jornalista, também falta informação para as metastáticas. “Durante as campanhas Outubro Rosa não é falado sobre metástase”, revela a jornalista.
Diante da falta de informação e o desejo de ajudar outras pessoas, elas iniciaram um trabalho voltado aos pacientes com câncer de mama. Tatiana lançou a campanha voltada para as metastáticas chamada “Reage Mulher”. “Um dia acordei com essa vontade e fiz uma arte que diz: ‘Reage mulher, você é o que diz ser. Se você fala de fé, tem fé. Se você fala de medo, tem medo. Se você confia em milagres, promove milagres. Não somos um laudo. Somos filhas amadas. Confia no Pai, declare a palavra que cura”. A publicação em suas redes sociais viajou o mundo e as palavras de ânimo, fé e coragem tem ajudado inúmeras outras pacientes. Em outra publicação, a jornalista disse: “Outubro Rosa para metastáticas. Um lembrete: A cura não é sobre laudo é sobre fé. O tratamento que é paliativo e não você. Ouse se ativar nessa verdade, segue vivendo com fé, mesmo que os outros não”.
A advogada, que já dava muitas orientações aos pacientes sobre os seus diretos nos corredores do hospital durante seu tratamento, expandiu seu público e, hoje com o Instagram @cancerdireitos fala sobre os direitos do paciente com câncer na internet. “Começar a falar sobre isso cotidianamente dentro do hospital me mostrou que muitas pessoas não sabiam sobre esses direitos. Então tentei criar uma forma que essas informações pudessem estar disponíveis para ainda mais pessoas. Foi aí que fui para a internet e comecei a falar”. Hoje, Natália possui mais de 11 mil seguidores que buscam informações em seus conteúdos.
Tatiana conta que nesses quatro anos aprendeu muito mais do que ensinou. “De 2019 até agora foi só o amor na minha vida. Através de qualquer doença que te leva uma possibilidade de morte você entende que está aqui nesse momento por conta das pessoas. Nos diagnósticos de muitos médicos e da medicina em geral, não sobreviveria. E hoje estou aqui cheia de saúde e com os exames todos zerados”, completa.
Natália finalizou fazendo um alerta quanto a necessidade de ficar atento a todos os sinais do corpo e não desprezar nada. “Os oncologistas falam muito da necessidade de termos bons hábitos de vida e, no meu caso sempre tive e, ainda assim, tive um diagnóstico positivo. Isso traz uma reflexão para todos de que devemos ficar atentos, ainda que a gente tenha hábitos saudáveis”, finaliza a advogada.