Musicoterapeuta, idealizadora e diretora do grupo ‘Cria Junto’, Bárbara Virgínia, fala sobre a importância da música e da arte como ferramenta de conscientização e desenvolvimento humano
Que a música tem o poder de emocionar, entreter e provocar nossos sentimentos, não é novidade. Agora, você sabia que por meio da música é possível orientar, estimular, conscientizar e contribuir com o desenvolvimento de uma pessoa? Sim! É o que a musicoterapeuta Bárbara Virgínia revelou em uma entrevista ao programa Rotativa no Ar, na rádio Difusora FM.
Graduada em musicoterapia pela Universidade Estadual do Paraná, de Curitiba, a especialista explicou que sua profissão trabalha a música na área da saúde. “A gente trabalha a estimulação musical para trabalhar objetivos terapêuticos como ansiedade, depressão, estimulação de habilidades sociais em casos de autismo e alzheimer. A musicoterapia é para todos, crianças e adultos”, disse.
Bárbara sempre trabalhou em clínicas e quando iniciou o trabalho em uma ONG artística, que desenvolvia espetáculos inclusivos em shoppings, viu que poderia usar a música e o teatro não apenas como entretenimento. “Vi que a cultura poderia ser usada como estimulação, conscientização de coisas importantes para o desenvolvimento humano e fortalecimento de vínculos”.
Após se tornar mãe e enfrentar todos os desafios da maternidade dentro da própria casa, a musicoterapeuta encontrou na música uma forma de resgate do vínculo com seu filho. “No processo com meu filho, após a separação do pai dele fui ver como poderia resgatar esse vínculo. E foi por meio da música e da canção que hoje meu filho é uma criança saudável”.
A partir dessas experiências profissionais e pessoais, nasceu o ‘Cria Junto’. Idealizado e dirigido por Bárbara, o grupo também tem como integrantes o músico e arranjador Evandro Angelucci e a atriz Luana. Trata-se de um grupo que mistura música, teatro, afeto e mensagens importantes como combate ao abuso e exploração sexual em crianças e adolescentes e drogas.
“O espetáculo musical ‘Não me toque-se’ fala do assunto da sexualidade tanto para a criança quanto para o adolescente de uma forma sem ser invasiva. Contamos a história de uma flor murcha, sem cor e que depois se torna uma flor colorida. A flor é o símbolo do Dia Nacional de Enfrentamento ao Abuso e à Exploração Sexual, pois representa a delicadeza de uma criança e colorida como a vida. Trazemos canções e paródias educativas sobre o tema como fizemos com a ciranda ‘Atirei o pau no gato’ que diz: ‘...Não deixes que te toques. Porque isso não se faz. O adulto e a criança não namoram. Não namoram, jamais...’”.
O grupo realiza apresentações em eventos, CRAS – Centro de Referência em Assistência Social -, escolas e aniversários. As músicas são de autoria da Bárbara que se inspira em seus atendimentos como musicoterapeuta e, também, em suas experiências pessoais. “Essa é minha forma de colaborar com o mundo, por meio das minhas canções”. O Evandro também é um dos compositores e agrega com as canções mais pedagógicas, de mexer o corpo.
Segundo a musicoterapeuta, o ‘Cria Junto’ tem como objetivo resgatar canções folclóricas de um modo interativo, com novos arranjos, com fortalecimento de vínculos e trazer formas de relações humanas que podem ser proporcionadas por meio da música. “A ideia é trazer um repertório de corpo e movimento, pensando no desenvolvimento infantil e no que é bom pra ela na vida adulta”, explica. Esse final de semana o grupo realiza apresentações gratuitas na Expo Fernandópolis no espaço Talsce Brincart.
Bárbara ainda revela que cantar em família faz bem à saúde e, nem precisa ser cantor. “Cante com seu filho, com a sua própria voz. Não importa se você é desafinado ou não entende de música. O que importa é o que vai ficar registrado na memória dele, que é o timbre da voz do pai, da mãe, o contato e o toque”, finaliza.