Fernandópolis participa do “Dia D” da saúde municipal

Provedora apresentou as dificuldades vivida pela Santa Casa de Fernandópolis em detrimento da defasagem da tabela SUS

20 de Agosto de 2025

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Fernandópolis participa do “Dia D” da saúde municipal

A manhã de hoje, 29, foi marcada pelo movimento nacional “Acesso à saúde – Meu direito é um dever do governo”, cujo intuito é divulgar a realidade das instituições e promover a mobilização em detrimento da defasagem da tabela SUS e do desinteresse do governo federal em mudar esta realidade que ameaça a existência de muitas Santas Casas.

Fernandópolis também fez sua parte no ato público chamado de “Dia D” da Saúde Municipal com a organização de um encontro entre o Hospital de Ensino Santa Casa de Fernandópolis e autoridades municipais.

Nesta manhã a provedora da Santa Casa Sandra Regina de Godoy falou sobre o ato público e explanou sobre a situação atual da entidade em Fernandópolis.

O encontro foi realizado na sala de imprensa do Paço Municipal com a presença de mais de 50 pessoas que ouviram atentamente o quase pedido de socorro feito pelos gestores.

“É um movimento muito importante para explicar o processo gradativo de falência que o setor da saúde pública no Brasil está passando, o abandono social e desassistência da população”, apontou a provedora.

A prefeita Ana Bim endossou as palavras de Sandra Regina e ainda foi além ao falar da situação. “É uma vergonha ficarmos mendigando. Nossa Santa Casa está na UTI, respirando por aparelhos e precisamos fazer algo urgente. Como gestores ficamos apavorados recorrendo a deputados, senadores. Vai chegar um ponto que vamos deixar pessoas morrerem. Não se pode receber menos do que se gasta”, disse a prefeita em alusão à defasagem da tabela SUS.

Após apontar as consequências do desiquilíbrio e dos confrontos entre valores gastos e valores repassados aos hospitais a provedora da Santa Casa apontou o déficit do balanço contábil da Santa Casa de Fernandópolis no ano passado.

 “Essa defasagem causa crise permanente, endividamento crescente, pressão sobre o orçamento municipal, depreciação física e tecnológica, precarização das relações do trabalho, baixos salários e rotatividade, redução e leitos, fechamento de hospitais, incapacidade de respostas às necessidades da população, urgências e emergências superlotadas, imagem do seguimento em constante risco e judicialização da saúde. No ano passado, por exemplo, nossa receita líquida foi de R$ 32.004.150 em contrapartida os custos em serviços prestados e despesas administrativas e gerais foi de R$ 34.891.061, um déficit do exercício de R$ 2.886.911. É por isso que precisamos tanto da ajuda da população, por isso que fazemos tantas campanhas e nos desdobramos para manter o atendimento de qualidade à população. Não é sempre que conseguimos manter um sorrisão no rosto, mas precisamos estar sempre alegres durante o trabalho e superar dia a dia. O município deveria investir apenas 15% do seu recurso próprio na Saúde pública e está investindo quase 30% já. Na década de 80 era diferente, o governo federal repassava 75%, o Estado 18,8% e o município 17%. Atualmente inverteram os valores. É apenas 45% federal, 25% da esfera estadual e 30% municipal”, destacou Sandra Regina.

 

SUBFINANCIAMENTO

Para as Santas Casas e hospitais filantrópicos, a defasagem representa um impacto direto nas contas. Em 2014, 76% de todos os atendimentos prestados pela Santa Casa de Fernandópolis foram aos usuários do SUS, mas o total repassado para cobertura dos atendimentos prestados à estes pacientes foi de apenas 24% das receitas totais da instituição.

Segundo um levantamento realizado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) com base em dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde por meio do Sistema de Informações Hospitalares do SUS - SIH/SUS referentes ao período de 2008 a 2014, a perda acumulada pode chegar até 434%, isso sem considerar atendimentos ambulatoriais, que não foram apontados no levantamento.

CUSTOS

Na contramão da Tabela SUS, os custos de alguns produtos e serviços que são essenciais às atividades hospitalares chegaram a dobrar entre 2008 a 2014, de acordo com dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). A maior variação foi na compra de produtos alimentícios, usados no preparo das refeições dos pacientes, que sofreu alta de 58,4%. O custo dos serviços de manutenção e dos materiais de limpeza sofreram alta de 44%.