Porteiro de Fernandópolis pedalou o suficiente para dar três voltas ao mundo

20 de Agosto de 2025

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Porteiro de Fernandópolis pedalou o suficiente para dar  três voltas ao mundo

Já imaginou pedalar a quilometragem suficiente para dar três voltas ao mundo? Pois bem, em 12 anos, o porteiro José Antônio Rodrigues, de 62 anos, já andou o equivalente a esta proeza com sobras – aproximadamente 12.000km. Funcionário do Condomínio Edifício Jardim América, ele pedala em média 30km por dia, chegando a se deslocar até 60km, apenas por amor ao esporte, emergente em todo o mundo. Ao todo, ele chegou a andar 131.400km de bicicleta ao longo de 4.380 dias. Pelo trajeto mais distante dese contornar o planeta terra – pela circunferência equatorial – a distância é de 40.075,16km.
 

Mas, se engana quem pensa que para iniciar a prática ele adquiriu uma bicicleta ideal, como a maioria dos esportistas. Em 2002, quando o esporte ainda não havia tomado tanta notoriedade como agora, José Antônio Rodrigues, resolveu utilizar sua “magrela”, a chamada “Caloizona”, não apenas para se locomover até o trabalho, mas por puro hobby. Diga-se de passagem, que a distância percorrida por ele para chegar ao trabalho já é um trajeto considerável – do Estádio à Escola Coronel, em simples comparação. À época, ele visitava uma irmã, que morava em um sítio no município de Macedônia, num trajeto de aproximadamente 20km, que ele levava cerca de 1h30. Considerando o esporte como o que mais gosta de fazer, aos poucos ele foi aumentando a dose e de lá para cá não parou mais. “Foi virando rotina. Todos os dias eu ando um pouco. Geralmente 30km, mas um ou outro dia na semana eu ando de 40 até 60km. Já fui a Macedônia (cerca de 1h30), Mira Estrela (cerca de 4h), Valentim Gentil (cerca de 4h) e até em Populina, que foi o local mais longe que eu fui, levei 4h30 para chegar, foram 142km de ida e volta”, contou ele.

O porteiro não esconde o desejo de adquirir uma bicicleta adequada para percorrer grandes distâncias, mas não vê problema em seguir praticando o esporte com sua bicicleta Caloi Barra Forte ano 90, pesada e sem marchas. “Eu ainda vou comprar uma bicicleta mais leve, é que eu acho muito cara essas novas e também já me acostumei com a minha. Meu amigo Humberto (Cáfaro), que também pedala e tem uma dessas bicicletas de corrida já me aconselhou a comprar outra, mas ainda não dá. Se Deus quiser ainda vou ter uma daquelas que a maioria utiliza”, comentou.

Atualmente o pretexto utilizado pela maioria que tem desejo de começar a pedalar é o fato de não possuir a bicicleta “ideal”, no entanto, Sr. José Antônio é um bom exemplo de que o esporte não deve ser segregado. “Para quem gosta do esporte qualquer bicicleta serve”, afirma ele.

Os benefícios são inúmeros, e o ciclista faz questão de potencializá-los. “De quando comecei a andar nunca mais fiquei doente. Pedalo nessa bike sem marcha e nunca tive dores nas pernas. O exercício diário melhorou minhas noites de sono, meu apetite e meu preparo físico. Além disso, pessoas na minha idade, geralmente sofrem com pressão alta, diabetes, enfim, eu não sofro com nada disso”, pontuou.

Além de uma disposição incrível, o porteiro, que atualmente mora só, mostra uma organização invejável. Há três anos ele passou a anotar diariamente em um caderninho (de 80 folhas) todos seus trajetos. O caderninho já se esgotou e agora ele comprou um com o dobro do tamanho para manter as anotações. Além disso, ele se previne ao sair de casa em sua bicicleta, com uma mochila onde contém uma garrafa d’água, uma bomba de ar, ferramentas e duas câmaras de ar para imprevistos, que por sinal já ocorreram. “Eu sempre levava uma câmara de ar, pois é muito trabalho e quase impossível fazer o remendo, então quando o pneu fura eu já troco logo a câmara. Mas, em uma das vezes que fui para Valentim Gentil eu troquei a câmara e o caco de vidro continuou no pneu e furou de novo. Precisei pedir socorro a um amigo que me buscou. Já em um trajeto a

Macedônia a corrente quebrou e eu vim embora a pé. Sorte que já havia pedalado 13km”, contou José Antônio, que troca os pneus da Caloi a cada seis meses.

De 2002 para cá, quando realmente tomou gosto pela coisa apenas um empecilho foi capaz de pará-lo. “Só uso meu carro quando a chuva realmente está forte. Se for um simples chuvisqueiro eu pego a bicicleta e saio numa boa. Mas uma vez fui picado por uma jararaca no meu rancho e tive que ficar três semanas sem andar de bicicleta por conta do inchaço”, lembrou.

Com boas histórias para contar nestes 12 anos de aventuras que o ciclismo lhe proporcionou, o porteiro lembra quando foi chamado de “louco” por um amigo. “Meu vizinho me ligou dizendo que estava no rancho, em Mira Estrela e que o açúcar havia acabado. Me pediu para levar. Saí daqui às 14h e cheguei lá às 17h. Quando cheguei ele disse que não havia escutado o barulho do carro e eu respondi que havia ido de bicicleta. Ele se espantou e perguntou: ‘Você é louco’?”, relatou.

Nascido no Córrego das Pedras onde trabalhou com lavoura de café e pecuária, ele conta ainda que se sente um peixe fora d’água na cidade e que seu sonho é poder voltar a morar na zona rural. “Minha companhia era meu gatinho Xuxu, que viveu comigo por quatro anos e morreu há dois meses. Vou me aposentar este mês e possivelmente me mudar para meu ranchinho, na Estância Rio Grande, em Mira Estrela. Não posso ir de imediato pelo fato de meu pai estar doente e precisar de mim. Mas, até hoje não me acostumei a morar na cidade. Em 1983, na primeira vez que vim para cá ganhar o pão, fiquei poucos meses e voltei. Se Deus quiser, logo, logo vou realizar este sonho de morar no sítio novamente”, contou entusiasmado.

Questionado sobre até quando ele irá praticar o esporte, morando no sítio ou na cidade, o porteiro esportista nem pensou muito para responder: “Até quando Deus me der saúde”, afirmou.