Infectologista deixou claro que vírus da AIDS não pode ser transmitido pela saliva
Se perguntarmos a um grupo de 10 jovens qual a melhor época do ano para beijar na boca e conhecer pessoas novas, certamente os 10 citarão o Carnaval. Como dito em várias músicas características da festividade, o período é propício para se relacionar e, consequentemente, trocar carícias com a boca. No entanto, é preciso se atentar para doenças características do beijo e de outras infecções transmitidas pela saliva como em um simples compartilhamento de uma lata de cerveja, como explica o médico infectologista responsável pelo CADIP – Centro de Atenção às Doenças Infectocontagiosas Parasitárias, Márcio Gaggini, que ele mesmo fundou no ano 2000.
“Existem várias doenças infecciosas que podem ser transmitidas pelo beijo, vários microrganismos que utilizam a saliva com via de transmissão como também microrganismo que polonizam a cavidade oral, várias bactérias, vírus, parasitas e fungos, mas as doenças principais que é preciso tomar mais cuidado e que podem ocorrer a transmissão são os vírus e as bactérias. A principal, que é chamada de “doença do beijo”, é a síndrome mononucleose ou mononucleose clássica, causada por um vírus chamado de Epstein-barr”, explicou Gaggini que citou ainda um outro vírus chamado citomegalovírus que pode ser transmitido pela saliva causando dores nas juntas, cansaço e mal-estar, aumento do fígado e do baço e erupções na pele, sintomas semelhantes ao da “doença do beijo”.
Gaggini alertou ainda para as doenças transmitidas pela saliva como nos casos de compartilhamento de objetos como a chamada “bomba” utilizada para tomar o “Tereré” (ou chimarrão), latinha de cerveja, batons e até mesmo o cigarro. “Quando exposição contínua da saliva pode ocorrer a transmissão de vários vírus. Com o beijo é mais comum, ainda mais levando em conta que muitos beijam várias pessoas em uma mesma noite”, contou, afirmando que até mesmo a hepatite B pode ser transmitida pela saliva.
Já em relação a uma dúvida frequente, o médico infectologista desmentiu que possa haver transmissão do vírus HIV (AIDS) pelo beijo, ou propriamente pela saliva. “Não existe transmissão do vírus da AIDS pela saliva. É certo que não pode se afirmar que pelo beijo a chance de se transmitir o HIV é nulo, mas é muito difícil. Isso só vai ocorrer caso haja sangramento. Se a pessoa acaba machucando a boca do parceiro e o sangue contaminado entra em contato com mucosa aí sim pode haver a transmissão, porém em virtude do sangue não apenas da troca de salivas”, explicou.
Caso o contato com alguém doente já tenha acontecido, não adianta muito correr para escovar os dentes, nem mesmo bochechar. Exceto no caso da catapora, quando ainda é possível tomar a vacina contra o vírus para evitar sua manifestação ou, pelo menos, garantir uma forma mais branda da doença, não há muito o que fazer, porque a transmissão já terá acontecido. Mas, ainda assim, o infectologista explica que pode haver uma esperança em casos de outros vírus. “No caso da doença do beijo, especificamente é bem difícil evita-la com utilização de antissépticos bucais ou fazendo gargarejos já que o vírus da mononucleosé vai atingir as células de defesa com uma multiplicação bem rápida. Essas células de defesa que ele dá preferência é na cavidade oral e nasal. O antisséptico pode ajudar em relação às outras milhões de bactérias durante um beijo”, destacou.