Faltam profissionais especializados, segundo o diretor do hospital, Henrique Prata
A cada dia, 300 pacientes deixam de ser atendidos no Hospital do Câncer de Barretos. A razão: falta mão-de-obra especializada, segundo Henrique Prata, diretor do hospital.
Na unidade que o hospital mantém em Jales, o mesmo problema acontece com 150 pessoas diariamente. De acordo com a estimativa de Prata, há carência de 38 profissionais especializados, incluindo oito oncologistas clínicos.
O problema se arrasta há dois anos. A demanda, segundo Prata, é maior do que a formação de mão-de-obra especializada. O diretor garante que não há falta de recursos, e sim de médicos interessados: “leva dez anos para se preparar um médico oncologista”, explicou. “Enquanto isso, aumenta o número de doentes”.
O presidente do Cremesp, Pedro Teixeira Neto, acredita que o problema se deva “à falta de atratividade, como melhores salários e plano de carreira, e não pela inexistência de profissionais”.
AVCC
Convidado a analisar a questão, o farmacêutico-bioquímico Carlos Lima, que é voluntário da AVCC de Fernandópolis, afirmou que “a cidade desperdiçou uma grande oportunidade de ser parceira de Barretos, fazendo os atendimentos de quimioterapia, prevenção, diagnóstico, cirurgia e pós-cirúrgico”.
As dificuldades financeiras da associação, que praticamente levaram ao seu fechamento – principalmente por causa do descaso do poder público – são vistas pelo voluntário como “um crime contra a vida das pessoas”: “Quando impedem que a AVCC continue seu trabalho de prevenção, que é a melhor forma de combater a doença, privam a população do direito a viver com saúde”, considerou.
Para Lima, a AVCC não errou no trabalho: “O foco é que estava errado, quando se optou por fazer todos os tratamentos gratuitamente. Tínhamos que buscar credenciamento no SUS e nos convênios de saúde”, analisou. “O problema é que o Cacon – Centro de Referencia em Oncologia – só tem dois hospitais credenciados no estado: Barretos e AC Camargo”, explicou.