Atraso de repasses pode levar médicos à greve na Santa Casa

20 de Agosto de 2025

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Atraso de repasses pode levar médicos à greve na Santa Casa
Em reunião realizada na noite de terça-feira, 1º, o Corpo Clínico da Santa Casa de Misericórdia de Fernandópolis tomou uma série de decisões que foram transcritas num ofício dirigido à Mesa Diretora do hospital.
Entre as reivindicações, consta a perspectiva de greve geral dos médicos, a partir de 3 ou 4 de abril, por conta do atraso dos pagamentos dos plantões médicos no Pronto Socorro.
De acordo com a lei, os serviços de atendimento de urgência são de responsabilidade da prefeitura. Em Jales, por exemplo, o PS municipal funciona de forma autônoma, em prédio próprio.
Em Fernandópolis, é utilizado o espaço físico da Santa Casa, e a administração municipal promove repasses ao hospital para custear os plantonistas.
De alguns meses para cá, porém, os pagamentos começaram a atrasar. Consta que o último salário pago aos médicos foi o de dezembro do ano passado.
Segundo o ginecologista Marcelo Bortoleto, se a situação persistir, haverá paralisação nas atividades do PS, do Centro Obstétrico e da Pediatria. Marcelo, que considera a situação “gravíssima”, explicou que também os plantões à distância são bancados pela administração.
Bortoleto, que é professor da Faculdade de Medicina da Unicastelo, alertou que a crise também prejudica os alunos da faculdade: “Há um convênio entre a Unicastelo e a prefeitura, que autoriza aulas práticas nos postinhos de saúde e no hospital. Se vier a greve, os estudantes ficarão sem seus preceptores (pessoa responsável na área médica pela orientação e supervisão de alunos)”.
O Corpo Clínico só poderá deflagrar a greve comunicando o fato com pelo menos 30 dias de antecedência ao CRM (Conselho Regional de Medicina) e ao Ministério Público – daí a marcação da paralisação para o início de abril.
PROIBIÇÃO
Na quinta-feira, o gerente administrativo da Santa Casa, Pedro Cirino, se disse “tranqüilo” quanto à solução do problema: “Ainda não recebi qualquer comunicado oficial do Corpo Clínico, mas de todo modo, conversei ontem (quarta-feira) com o prefeito (Luiz) Vilar e ele me garantiu que fará o repasse no próximo dia 10”, afirmou.
Cirino sustentou que “a Santa Casa nada deve dos convênios – só falta mesmo o dinheiro dos plantões do PS, que é da responsabilidade da prefeitura”.
Os médicos que dirigem o Corpo Clínico do hospital são Edison Betiol, João Betiol e Mauro Albuquerque.
Há alguns dias, o gastroenterologista João Betiol foi demitido da prefeitura, onde prestava serviços havia 21 anos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) “sem justa causa”, conforme garantiu. Betiol, que era contratado pelo regime da CLT, diz não ter idéia das razões de sua demissão.
Na quinta-feira, Marcelo Bortoleto foi surpreendido com a notícia de que sua entrada nos postinhos de saúde da Cohab e Jardim Guanabara (onde atuava como preceptor) estava proibida. Bortoleto disse que procurou o coordenador do curso de Medicina, Ademir Bariani, que teria telefonado à prefeitura e recebido a informação de que a proibição decorreria de um “problema político”.