O diretor municipal de Saúde, o médico José Martins, revoltou-se esta semana com notícias que ele considerou alarmistas sobre o aumento de casos de dengue em Fernandópolis, que teria chegado a 300% em relação ao ano passado, segundo alguns cálculos.
Para o médico, o que houve foi um crescimento sensível de casos no ano de 2009 em alguns lugares, já se configurando como epidemias. Isso, porém, não ocorreu em Fernandópolis, garante. Martins atribui ao bem-sucedido arrastão realizado em fevereiro os reduzidos números, comparativamente a outras cidades da região noroeste.
CIDADÃO: Qual é a real situação da dengue?
MARTINS: Em 2008, tivemos 25 casos de dengue, 22 nossos e três importados, que é como chamamos. Este ano, temos 89 casos nossos e 18 importados. O que, a princípio, pode aparentar que a situação piorou, na verdade não é bem assim. Em Votuporanga, que no ano passado teve menos que os nossos 25 casos, há agora 238 casos. Em Ouroeste a situação já é de epidemia, já está chegando a 100 casos. Em situação assim, já nem se faz exame de dengue: já se começa a tratar a doença. Indiaporã registra 24 casos, Estrela DOeste, uma cidade de 4 mil habitantes, tem 41 casos, ou o equivalente a quase 50% dos casos de Fernandópolis. Nós fomos elogiados na DRS de Rio Preto pelo trabalho de combate que fizemos, com o arrastão antes do tempo das chuvas. No contexto da dengue na região, nós fomos elogiados, porque no ano passado havia surto, este ano tem epidemia. Se o arrastão não tivesse sido feito, teríamos uma epidemia de dengue terrível em Fernandópolis.
CIDADÃO: Qual é o diagnóstico da cidade?
MARTINS: Na região de Fernandópolis, a doença pode ser considerada controlada. Esse aumento se deve à situação muito mais grave deste ano em relação ao ano passado. Limeira tem mais de 500 casos. O que está acontecendo é um elevado aumento regional de casos, sendo que Fernandópolis tem 300% de aumento de casos, mas e Votuporanga, por exemplo? O aumento lá é superior a 1000%.
CIDADÃO: Estamos em plena semana estadual de combate à dengue. O que pode ser efeito nessa situação especial além dos procedimentos de praxe?
MARTINS: Nada, nada. O que está acontecendo é o seguinte: O surto da dengue deste ano é conseqüência das ações do ano passado, porque nós tivemos o cuidado de fazer um arrastão em fevereiro, tirando os vasos e outros objetos que podiam servir de berçário. Fizemos o arrastão na hora certa em relação às chuvas. Por isso é que nosso índice está baixo. Agora, o procedimento é o de cercar o quarteirão, ou seja, procurar os focos no lugar onde a pareceu um doente.
CIDADÃO: Qual a razão da sua revolta com o noticiário?
MARTINS: Veja bem: no ano passado, estávamos entre as 25 cidades do Estado de São Paulo com maior número de casos de dengue! Quando assumi, fui convidado para uma reunião com o secretário estadual da Saúde, Barradas Barata, para tentar equacionar a questão. Ele nos alertou para as perspectivas de aumento de casos de dengue em 2009. Decidi fazer um arrastão abrangente, bem feito, minucioso. Hoje, somos uma das cidades em que o índice cresceu menos. A situação está pior no geral do Estado, mas em Fernandópolis a coisa melhorou muito.