Contrato entre AVCC e Hospital de Barretos traz poucos benefícios

20 de Agosto de 2025

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Contrato entre AVCC e Hospital de Barretos traz poucos benefícios
CIDADÃO teve acesso ao contrato firmado entre a instituição de Fernandópolis e a Fundação Pio XII; cláusulas divergem do que foi divulgado e trazem poucos benefícios aos pacientes


O convênio firmado no último dia 6 entre o Hospital do Câncer de Barretos – Pio XII e a AVCC, com as assinaturas do prefeito Luiz Vilar de Siqueira, do presidente da Fundação Pio XII, Henrique Prata, do deputado federal Julio Semeghini, do presidente da AVCC Adenilton Fernandes, além do diretor jurídico Henri Dias e do presidente da Câmara, Warley Campanha - tende a gerar polêmica em breve, uma vez que não traz as grandes mudanças e benefícios que vinham sendo amplamente divulgados pela assessoria municipal e certo setor da imprensa local.

Desde o final de janeiro - quando a parceria foi anunciada pelo prefeito Vilar e pelo diretor de Saúde do município, José Martins, numa entrevista coletiva - a notícia gerou muitas expectativas, pois entre as inúmeras vantagens do convênio, apontadas pelo prefeito, estariam o atendimento, em Fernandópolis, de cerca de mil pacientes/dia; a contratação de cerca de 150 profissionais; equipamentos importados, de última geração; a vantagem do paciente fernandopolense não precisar mais se deslocar de sua cidade para tratamento e o convênio com o SUS.

Esta semana, CIDADÃO teve acesso ao projeto inicial proposto pelo diretor geral do Hospital de Câncer de Barretos, Henrique Prata, e ao contrato firmado; ambos não trazem nem metade do que foi divulgado.

A AVCC continuará a realizar o mesmo trabalho de antes - apenas ambulatorial - sem o tratamento de alta complexidade. Ou seja, os pacientes continuarão tendo que viajar a Barretos para se tratar.

O que muda agora é que a associação receberá um repasse de verba mensal de Barretos; não do SUS, pelos serviços prestados pelo Sistema Único de Saúde, cujos exames têm limites. Caso a AVCC exceda o teto, terá que arcar com os gastos.

Quanto aos equipamentos que serão enviados à associação, apenas um será novidade no acervo da AVCC: o mamógrafo com estereotaxia, que custa R$ 195,5 mil. Dos demais, a entidade já possui similares, que são: um ultra-som (R$ 100 mil); dez caixas de pequenas cirurgias (R$ 8 mil); um colposcópio (R$ 13,4 mil); dois focos de luz (R$ 250 mil) e um bisturi elétrico (R$ 30 mil).

Quanto à contratação de cerca de 150 profissionais que foi anunciada, também não procede. O contrato diz que para o desenvolvimento da parceria em todos os seus níveis, o número de profissionais envolvidos será: um médico radiologista; dois médicos oncologistas clínicos; um médico cirurgião oncológico; quatro enfermeiros; dois técnicos de radiologia; um profissional para câmara escura e cinco cadastradores (auxiliar de escritório). Contudo, a associação já possui esses e muitos outros profissionais.

Segundo o presidente da AVCC, Adenilton Fernandes, desde o dia em que foi anunciada essa contratação de mais profissionais, dezenas de currículos têm chegado à sede da associação. “Nós, da AVCC, não divulgamos nada disso. Até virou uma bagunça de currículos de pessoas querendo emprego, mas nós não estamos precisando, pois temos parceria com a Unicastelo e a FEF e temos vários estagiários na associação prestando um serviço voluntário”, disse Adenilton.

Na semana passada, a assessoria de imprensa da prefeitura voltou a divulgar a parceria e assinatura do contrato entre a AVCC e o hospital de Barretos. Desta vez, divulgando o que realmente foi acordado, exceto por um “deslize” quando destacou que “a gestão compartilhada do ambulatório, prevista no contrato, possibilitará a contratação de profissionais para o corpo clínico, instalação de salas de exames e tratamento de radioterapia”. Porém, a AVCC não faz o tratamento de radioterapia e no contrato não consta este tipo de tratamento.