O provedor da Santa Casa de Misericórdia de Fernandópolis, José Sequini Junior, garantiu em entrevista exclusiva a CIDADÃO que somente um realinhamento da tabela do Sistema Único de Saúde SUS - permitirá que a Santa Casa equilibre seus custos operacionais.
Sequini revelou que o hospital contraiu recentemente um empréstimo de R$ 4 milhões junto à Nossa Caixa para realizar investimentos em equipamentos e quitar algumas dívidas.
Segundo o provedor, trata-se de uma linha de crédito do governo estadual cujo objetivo é minimizar o caos financeiro das Santas Casas em geral. Todas trabalham com dívidas enormes e déficit operacional, garantiu.
Embora o juro do empréstimo seja pago pela Secretaria da Saúde, o principal tem mesmo que ser pago pelo hospital. Não é dinheiro a fundo perdido, é empréstimo mesmo, disse Sequini, que revelou os valores: em 36 meses, a Santa Casa terá que pagar R$ 149 mil mensais.
TABELA
Para o provedor, enquanto não acontecer o esperado realinhamento da tabela do SUS, prometido pelo governo no ano passado, não será possível estabelecer o equilíbrio. A Santa Casa opera com déficit mensal de R$ 100 mil, e tem uma dívida acumulada de R$ 5 milhões.
Os custos dos procedimentos subiram muito, os remédios idem. Além disso, os médicos merecem receber mais, e o quadro de funcionários teve aumentos de até 15%, além do acréscimo da cesta básica, diz Sequini.
Parte dos recursos do empréstimo foram utilizados na compra de equipamentos como o aparelho de hemodinâmica para o IACOR e o aparelho de ressonância magnética.
Em sua gestão, Sequini investiu R$ 5.048.400,00 em reformas, ampliações e aquisição de equipamentos.
PARCEIRAS
As parcerias com a FEF e a Unicastelo resultam em contribuições mensais das duas instituições. Por outro lado, há um aumento de custos, porque mais de mil estagiários circulam diariamente pelo hospital, utilizando equipamentos como luvas e materiais como sabonetes, papel higiênico e papel-toalha. Porém, não podemos jamais abrir mão disso. As faculdades fizeram de Fernandópolis uma referência na área médica. Isso é importantíssimo para a cidade, argumenta Sequini.
O projeto de transformar a Santa Casa num hospital-escola status que lhe permitiria receber por uma tabela diferenciada também não solucionaria os problemas financeiros. A recente renegociação com outra parceira do hospital, a Unimed, resultou em mudanças na tabela de hotelaria. Essas medidas só diminuem a carga, sem chegar ao cerne da questão.
Para Sequini, enquanto a tabela do SUS não mudar, o déficit persistirá, já que em 2007, dos 98 mil atendimentos registrados, 80% foram do SUS.
PREFEITURAS
O modo de pensar e agir dos prefeitos da região está mudando. Nem todas as cidades que usam os serviços da Santa Casa têm colaborado, mas algumas já ajudam o hospital. Temos que agradecer pela interferência do Poder Judiciário e do Ministério Público. Já fizemos alguns convênios com cidades até de outros estados, para que as prefeituras paguem os atendimentos que fizermos. A Santa Casa atende aos pacientes, mas ela tem que receber o pagamento pela tabela da AMB (Associação Médica Brasileira), conclui Sequini.