A humanidade vive constantemente num estado de contradição: luz/trevas. Nessa realidade apresenta-se o mensageiro, enviado por Deus: seu nome é João, que significa, Deus usou de misericórdia. A presença de João no mundo se deve unicamente à vontade e iniciativa de Deus.
Escolhido por Deus do meio do povo, sem posição social, política ou religiosa de destaque, sua missão não passa pelas instituições religiosas da época, mas vem diretamente de Deus. Enviado a dar testemunho da luz, ou seja, declarar-se a favor da luz, despertar o povo para a existência da luz e o desejo de alcançá-la. A luz é o resplendor da vida e João foi incumbido de mostrar a possibilidade de encontrá-la, motivando nas pessoas o desejo e a esperança.
A missão de João consistia em dar testemunho da luz. Ele não era a luz, porque não realizava em sua pessoa o projeto de Deus, não possuía a vida plena em si e não a possuindo não poderia comunicá-la. Era o anunciador de que a luz viria a este mundo. É o anunciador de Cristo, sua testemunha. É dessa verdade que João Batista será a testemunha.
Num mundo marcado pela ação das trevas, pelas forças do mal, João veio anunciar a luz verdadeira que é Jesus Cristo. Ao confrontar a Luz verdadeira, Jesus Cristo, com aquele que foi constituído precursor, mostra que existe uma só realidade que é a luz divina. Quem a acolhe vive iluminado pela luz divina, se a rejeita viverá nas trevas. Outras luzes, falsas, querem chamar a atenção das pessoas. Apesar das trevas a luz verdadeira quer se manifestar ao mundo, à humanidade. Apesar das trevas e das falsas luzes, o ser humano pode cultivar em si o desejo de plenitude de vida.
Todos podiam responder positivamente ao chamado de João, ao seu testemunho, pois o objetivo era despertar a consciência, tomando conhecimento que se estava vivendo uma situação de morte. Através do batismo a proposta era de ruptura com a situação provocada pelas trevas para aderir àquele que estava chegando.
João não é o Cristo, nem Elias ou um profeta. Ele não é a reencarnação de Elias, o grande profeta, homem valente e corajoso do nono século antes de Cristo, que fora arrebatado num carro de fogo ao céu e que deveria voltar para a chegada do Messias. É a voz que clama no deserto. João não é o Messias, mas o seu profeta, que anuncia com a força e a santidade profética a plenitude dos tempos.
Hoje somos convidados a reconhecer e nos alegrar com a presença do Messias em nosso meio e anunciá-lo aos outros. Assim como João devemos saber reconhecer nosso lugar e missão: preparar a vinda do Senhor.
A nossa missão de cristãos é muito importante. O mundo atravessa uma grave crise. Em todos os lugares nos defrontamos com pessoas amarguradas, estressadas, agressivas. O mundo moderno transformou-se num deserto, marcado pelo individualismo, indiferença, drogas, violência. Precisamos recuperar a capacidade de sentir compaixão, sentir com o outro seus dramas, seja qual for o motivo, sendo uma presença amiga e uma benção de Deus. Recuperar a verdadeira alegria, que brota de nossa adesão a Jesus Cristo nosso Salvador. A forma concreta é acolher o anúncio de João Batista que se faz ecoar no deserto moderno, não o lugar do encontro com Deus, mas do descompromisso e outras atitudes que provocam o distanciamento dos irmãos e conseqüentemente de Deus. Somos chamados a ser a voz que grita hoje: Preparem o caminho, o Senhor está chegando. Vamos jubilosos ao encontro do Senhor, pois Ele vem. Sejamos testemunhas da luz, como João foi. Alegrai-vos, o Senhor está perto! Amém! Assim Seja!