O início do tempo salvífico trazido por Cristo começa com a presença de João Batista, grande pregador da penitência, aquele que prepara o caminho do Senhor, realizando em sua pessoa as promessas dos antigos profetas. O profeta Malaquias já havia profetizado a respeito do mensageiro do mensageiro do Senhor e Isaías, o profeta que anunciava a salvação, a presença da “Voz de quem clama no deserto: preparai o caminho do Senhor, aplainai as suas veredas”.
João Batista surge no deserto anunciando os tempos finais. Sua missão se situa no vale do Rio Jordão, nas imediações de Jericó, e na foz do rio no Mar Morto. O deserto não é tanto o local geográfico, mas tem um significado religioso, o lugar em que se manifesta a presença divina, aonde se deve ir para longe do burburinho das cidades e da agitação das pessoas. É o anunciador, o arauto, que clama por conversão, volta para Deus, retornar à fonte da vida, partida para a alegria verdadeira, resposta à proposta de salvação manifestada por Deus através do seu mensageiro.
O inicio da salvação, da união com Deus e da paz é o perdão dos pecados. Respondendo à voz daquele que clama no deserto - João Batista -, vão todos os habitantes da Judéia e todos os que moravam em Jerusalém. Deus reúne o seu povo através da proclamação de seu enviado a preparar o caminho do Senhor, para que Jesus possa anunciar o evangelho, boa-notícia da salvação, escolhendo dentre eles as pessoas que farão parte de sua comunidade.
Atendendo ao chamado de João, aceitavam o seu batismo, acolhendo a proposta de mudança de vida, confessando os pecados para fugir do juízo divino. O batismo de João é uma preparação, que prefigura o batismo cristão, ao qual se aceita com obediente disposição de fé para receber o perdão que redime a pessoa e a faz participante da comunidade que Jesus veio instaurar. O chamado à conversão se concretiza no batismo de penitência, da qual é sinal, vai crescendo em intensidade, expressando através da advertência severa para a mudança de vida, que se conclui no seguimento de Jesus, participando de sua comunidade.
A grandeza do profeta, o rigor na forma de viver expressam a densidade da hora da salvação. O alimento, a veste e o abrigo comuns aos moradores do deserto, que através da sobriedade expressam a renúncia aos bens desse mundo, sinal da liberdade total para Deus. A figura profética de João concretiza em sua pessoa a volta do profeta Elias que fora prometida, sinal de Deus que anuncia a vinda do ungido do Senhor, o Messias.
A roupa usada por João é semelhante aos trajes usados por Elias. O homem de Deus, Elias, usava um manto de pelos amarrados por um cinturão de couro. João Batista usava uma veste tosca feita com pelos de camelo presa com cinturão de couro diferente das roupas finas usadas pelas pessoas da época.
A alimentação de João, simples, emoldura o quadro de renúncia. A missão divina é sua força, Deus a sua parte. Homem de Deus, de verdadeira piedade, respondendo a vocação que Deus lhe confiou na história da salvação. Sua missão específica consiste em anunciar o que virá depois dele, sem nenhuma ressalva, o Messias. Nas margens do Jordão ministrando um batismo de penitência para remissão dos pecados, João podia tão somente preparar: “o batismo com o Espírito Santo”. O Espírito Santo é o dom dos tempos finais, que purifica perfeitamente, santifica e faz os seres humanos entrarem em perfeita comunhão com Deus.
Aquele que virá depois dele é portador de uma grandeza imensa, cheio dos dons e da força salvadora de Deus que o mensageiro não é digno de prestar um serviço de escravo, desatar-lhe as correias das sandálias. Acolhendo atentamente a palavra e partilhando o pão, nos ajudemos fraternalmente para que a proposta de conversão possa se concretizar em nosso meio, acolhendo o apelo de João Batista, o precursor do Messias. Amém! Assim Seja!
